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Desafios na educação em Saúde

Desafios na educação em Saúde

Redação

20/08/2010 - 05h24
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Novidades em medicamentos, equipamentos, exames e técnicas a serviço da Medicina são assuntos que povoam constantemente os noticiários. Felizmente, o desenvolvimento científico vem aumentando a nossa longevidade e promovendo tratamentos cada vez mais eficientes, inclusive para pacientes portadores de doenças extremas como o câncer e a aids, trazendo alento e esperança a um sem número de pessoas que lutam por um mínimo de qualidade em suas vidas. Por outro lado, infelizmente, também acompanhamos um grande número de escândalos na área de Saúde que refletem o descaso por parte de alguns gestores e profissionais para com o sofrimento e a dor da população.
Erros médicos, negligência, carência de profissionais especializados e falta de atenção são reclamações frequentes. Paralelamente ao avanço tecnológico, observa-se a queda na qualidade dos serviços oferecidos e as novidades quase nunca são utilizadas diretamente em benefício dos mais carentes ou da melhoria do atendimento público de saúde. Apesar da notória abnegação de vários profissionais, nota-se um crescente distanciamento de muitos outros em relação ao compromisso de cuidar. É importante reforçar que este problema não é generalizado, mas se repete cada vez mais frequentemente. Esta situação nos obriga, educadores na área de Saúde, a buscar novas estratégias para o enfrentamento de um velho desafio: o de incutir na formação de novas gerações de médicos a preocupação com o outro.
Em um cenário tão competitivo de mercado de trabalho e tantas exigências profissionais, o compromisso com a alteridade, embora seja uma questão óbvia, fica relegado ao segundo plano. A premissa é válida para todas as profissões, mas para as áreas de Saúde e Educação talvez seja um ponto mais sensível na medida em que se busca falar à geração atual, sobre o respeito à vida e ao bem comum.
Os estudantes da área de Saúde, em geral, estão imbuídos desses valores quando ingressam no ensino superior. Têm a expectativa de que podem fazer a diferença. E realmente podem. Mas a dureza dos hospitais nem sempre colabora.
Sem que se deem conta, os jovens se deixam envolver na engrenagem de um sistema que sufoca e automatiza. Situações extremas, maus exemplos de quem menos se espera, falta de ambiente para refletir sobre os acontecimentos trazem como resultado o endurecimento da alma. Por isso, cabe aos educadores prepará-los para a realidade e os estimular a pensar e amadurecer sobre o sentido de suas escolhas e o seu papel para promover mudanças. Estimular a alteridade e evitar que o ânimo  e a esperança de fazer um mundo melhor se esvaia devem estar entre os principais objetivos do educador na área de Saúde em um processo humanizador. A formação de qualidade deve ser uma experiência transformadora de vida, criativa e capaz de desenvolver as competências do aluno em prol da coletividade e do bem-estar social. E todos os que optarem pela área da Saúde têm de ter a consciência de que estão se engajando em uma luta pelo bem do próximo, onde já não tem lugar o interesse próprio ou qualquer manifestação de comportamento autocentrado. O profissional da Saúde é um agente do Bem. A ele acorrem, ainda que através do nosso precário sistema público, pessoas que sofrem, na esperança da cura ou da mitigação de seus males. O profissional da Saúde também é um profissional da Esperança. A escola não pode voltar as costas para esta realidade.
 A grande inovação nesta área é olhar para o outro de forma integral, entendendo-o como um ser complexo, com medos e desconhecimento acerca de seu problema. A novidade é caminhar junto com o paciente e  fazê-lo acreditar que, em parceria com o profissional de saúde, torna-se possível prevenir, ou, pelo menos, entender sua doença com intuito de conviver com ela e até superá-la, independentemente de qual seja.
 
Abílio Aranha, é coordenador geral de ensino da Faculdade de Medicina de Petrópolis e da Faculdade Arthur Sá Earp Neto.

PAC Saúde

Com investimento de R$ 89,5 milhões, municípios de MS irão receber novas Unidades Básicas de Saúde

Com as novas unidades o Ministério da Saúde estima que mais de 8,6 milhões de pessoas sejam atendidas pela Atenção Primária

27/03/2024 17h30

Marcello Casal Jr / Agência Brasil

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O Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC Saúde) disponibilizou R$ 89,5 milhões para investimento em construção de Unidades Básicas de Saúde (UBS) em 37 municípios de Mato Grosso do Sul.

Entre os municípios estão Campo Grande (R$ 4.945.820,90), Dourados (R$ 4.945.820,90) e Corumbá (R$ 2.276.907,66). Em todo país serão construídas 1,8 mil unidades em mais de 1,5 mil municípios. Com isso, o Ministério da Saúde estima que mais de 8,6 milhões de pessoas sejam atendidas pela Atenção Primária. 

Conforme divulgado pelo Ministério da Saúde, com as novas UBS haverá a necessidade de ampliação no quadro das equipes de Saúde da Família (eSF), se Saúde Bucal (eSB), multiprofissionais  (eMulti) e de Agentes Comunitários de Saúde (ACS).

A pasta informou que o investimento feito é de R$ 4,2 bilhões, sendo que os valores das novas UBS apresentam a variação de R$1,8 e R$6,6 milhões, de acordo com a região e o tamanho da unidade. 

Ainda, de acordo com o Ministério, os dez pedidos entre equipamentos e obras que o Novo Pac Saúde contempla, novas UBS representam o maior número de propostas apresentadas pelos municípios, um total de 5.665 propostas, referentes a 3.001 territórios.

Veja a relação dos municípios

Para a escolha dos municípios a receber as novas UBS foram vulnerabilidades socioeconômica; ausência assistencial na Atenção Primária; locais com baixo índice de cobertura e Estratégia de Saúde da Família.

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Cidades

Comissão vai analisar pedido de anistia coletivo dos povos indígenas Guarani e Kaiowa de Caarapó

Violações praticadas pelo governo brasileiro aos indígenas no período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade

27/03/2024 17h00

Arquivo/Correio do Estado

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A Comissão de Anistia irá analisar, em sessão histórica o pedido de anistia coletivo dos povos Guarani Kaiowa, da comunidade indígena Guyraroká, protocolado pelo Ministério Público Federal (MPF) em 31 de agosto de 2015.

Esta será a primeira sessão promovida pelo órgão, criado em 2002, e atualmente vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, para analisar eventual reparação a indígenas que tiveram os direitos humanos violados durante o período da ditadura militar no Brasil, entre 1947 e 1980.

A sessão de apreciação dos pedidos ocorrerá às 8 horas (horário de MS) no próximo dia 2 de abril, no Auditório do MDHC, em Brasília (DF). O procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida, que subscreve o requerimento, representará o MPF.

Além da comunidade indígena Guyraroká, localizada no município de Caarapó (MS), a cerca de 275 quilômetros de Campo Grande, também serão analisados durante a sessão os pedidos de anistia relacionados aos povos Krenak, de Minas Gerais.

Como o primeiro pedido foi protocolado há quase uma década, o MPF promoveu recentes reuniões com lideranças da aldeia Guyraroká, no intuito de debater e atualizar o documento contendo os requerimentos coletivos, cujo teor será apresentado durante o ato no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Retirada do território

Políticas federais de povoamento do país, implementadas durante o período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai, levaram agentes estatais a promover traslados compulsórios dos indígenas de Guyraroká, provocando mortes e profunda desintegração dos modos de vida destes povos tradicionais.

O propósito era retirar os indígenas das vastas áreas por eles ocupadas segundo os seus modos tradicionais e confiná-los em espaços exíguos definidos unilateralmente pelo poder público. As terras ocupadas anteriormente por eles foram liberadas à ocupação de terceiros, que tiveram a posse dos terrenos legitimada por títulos de propriedade.

Estas violações praticadas à época pelo governo brasileiro aos indígenas de Mato Grosso do Sul foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), que esteve em Dourados e ouviu integrantes da comunidade Guyraroká sobre o processo de confinamento territorial que sofreram. Estima-se que mais de 8.300 indígenas foram mortos no período em decorrência da ação estatal ou da omissão do governo brasileiro.

Repercussões das violações

Após anos longe do território, aos poucos, os indígenas buscaram ocupar Guyraroká, num processo que começou em 2004, iniciando pela ocupação da faixa de domínio da rodovia estadual que ladeia a terra indígena (MS-156) e posteriormente ocupando uma parcela do perímetro declarado – 65 de um total de 11 mil hectares.

O MPF destaca, no pedido de anistia, que a principal atividade econômica desenvolvida pelos indígenas Kaiowa é a agricultura e, quando retirados do seu território forçadamente pelo governo brasileiro, ficaram completamente desprovidos do exercício de todas as suas atividades econômicas, merecendo a reparação.

Além disso, a desintegração do grupo e a ausência de acesso ao território tradicional, somada à extrema miséria, provocaram um número significativo de mortes por suicídio na comunidade. Em um grupo de 82 pessoas, registrou-se um caso de suicídio por ano entre 2004 e 2010.

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