lidiane kober
Parlamentares voltaram a transformar, ontem, o plenário da Assembleia Legislativa em palanque eleitoral, com troca de acusações, comparações dos governos de André Puccinelli (PMDB) e José Orcírio dos Santos (PT), além da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a de seu antecessor Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Teve até briga para se manifestar.
Tudo começou quando o deputado Akira Otsubo (PMDB) subiu à tribuna para falar do aniversário de Três Lagoas. Ele destacou a construção de mais de mil casas no município, durante a gestão de Puccinelli e aproveitou para cutucar os adversários ao lembrar que na gestão de Orcírio nenhuma unidade habitacional foi feita na cidade. A declaração levou os petistas a se enfileirarem no microfone de aparte.
O deputado Amarildo Cruz (PT) alegou que, na gestão do PT, o então prefeito de Três Lagoas, Issam Fares, não liberou terreno para o Governo do Estado investir. Ele ainda ressaltou que, hoje, as casas só estão sendo construídas graças a recursos destinados pela União. O deputado Carlos Marun (PMDB), ex-secretário de Habitação, reconheceu que a maior parcela da verba veio de Brasília. “Cerca de 30% do recurso é do Estado”, disse.
De uma hora para outra, o tema do debate passou de casas para educação. O deputado Pedro Kemp (PT) acusou o Governo do Estado de divulgar dados incorretos. Segundo ele, a assessoria de imprensa do Executivo informou que “escolas com mais de 30 anos nunca haviam recebido nenhum tipo de reforma”. “Pelo menos de 1999 a 2001, quando estive a frente da Secretaria de Educação, reformamos um terço das escolas do Estado”, rebateu.
O deputado Paulo Duarte (PT) foi outro que acusou o Governo do Estado de promover “propaganda enganosa”. Segundo ele, Puccinelli foi, na última segunda-feira, a Maracaju distribuir geladeiras, pagas com dinheiro do Programa de Eficiência Energética, como se o recurso fosse do Executivo. Marun alegou que o governo teve participação no investimento. “Houve a participação da decisão de onde (a geladeira) foi entregue”, rebateu.
O governista ainda aproveitou para apresentar cópia de abanador (leque) distribuído na gestão de Orcírio, em Corumbá, com informações supostamente enganosas. “O governo usou dinheiro do Detran para fazer propaganda”, disse. “No abanador, diz que termoelétrica seria construída, mas só o primeiro buraco foi cavado”, completou. Conforme Paulo Duarte, o investimento só não foi para frente por causa da falta de entendimento dos governo da Bolívia e do Brasil.
Desespero
Em seguida, Amarildo ocupou a tribuna para engrossar as críticas aos rivais. “O PMDB de Mato Grosso do Sul está desesperado por medo da popularidade do presidente Lula. Eles sabem que nunca ninguém fez tanto pelo Brasil”, afirmou. “O PT tem o que mostrar, ao contrário do PSDB, pois o José Serra esconde o FHC (Fernando Henrique)”, completou.
No aparte, os deputados Junior Mochi (PMDB) e Marum aguardavam para se manifestar. Mochi resumiu a discussão como “inerte”. “Porque discutir a origem do dinheiro, já que tudo vem do bolso do consumidor, que paga os impostos”, ponderou.
Marum não ganhou tempo de Amarildo para apartear e saiu esbravejando. “Ele não teve coragem de me conceder aparte. Isso foi uma indelicadeza, falta de respeito. Não aceito isso”, desabafou.