Depois de casos de violência, postos terão PMs e médicos
26 JAN 10 - 08h:07
As Unidades de Pronto
Atendimento (UPA) Vila Almeida
e Coronel Antonino
contarão com policiais militares
– para ocupar as salas
que já foram construídas
para este fim – e os oito centros
regionais 24h passarão
a contar com quatro guardas
municipais, dois por turno, o
dobro do atual contingente.
Além disso, mais médicos serão
convocados (veja matéria
abaixo). As medidas foram
anunciadas ontem pelo prefeito
de Campo Grande, Nelsinho
Trad, após reunião com
representantes da Secretaria
de Estado de Justiça e Segurança
Pública (Sejusp), do Sindicato
dos Médicos de Mato
Grosso do Sul (Sinmed-MS),
Conselho Municipal de Saúde
e secretarias de Governo e de
Saúde. Amanhã, ele se reúne
com o secretário de Segurança
Pública, Wantuir Jacini,
para discutir o assunto.
A reunião ocorreu após
episódio em que cerca de 20
pessoas invadiram e encurralaram
médicos, na UPA Vila
Almeida, na noite de quintafeira,
reclamando da demora
no atendimento. O grupo
ameaçou derrubar a porta da
sala em que quatro médicos
haviam se trancado. Na oportunidade,
estava no local apenas
uma guarda municipal.
Nelsin ho afirmou que
reivindicará o cumprimento
da portaria do Ministério da
Saúde que determina que todas
as UPAs tenham a presença
de policiais dentro da unidade
ou nas áreas lindeiras.
“Além dessa presença da PM
nas duas unidades em funcionamento,
nas demais unidades
24h vamos pedir para que
haja reforço nas rondas, no
policiamento ostensivo”, disse
o prefeito. “Estamos preocupados
com a época do carnaval.
Assim como no fim do
ano há maior atenção para a
área central, no Carnaval vamos
pedir para que o reforço
seja nos postos de saúde”.
O comandante do 1º Batalhão
da Polícia Militar, tenente
coronel Evaldo Mazuy,
garantiu que ainda ontem
haveria rondas mais frequentes
nas áreas dos postos
de saúde. “A presença policial
é fundamental em qualquer
lugar. Sobre a solicitação da
prefeitura, há uma série de
variantes que precisam ser
analisadas. A segurança será
feita, mas a forma precisa ser
discutida tecnicamente”.
Novo
O secretário de Saúde, Luiz
Henrique Mandetta, apontou
alguns fatores que podem ter
contribuído para o transtorno
ocorrido na UPA Vila Almeida,
inaugurada há cerca de 30
dias. “Muitas pessoas ainda
não entenderam a função da
unidade. Por exemplo, temos a
classificação, conforme a gravidade,
em vermelho, amarelo,
verde e azul. Tivemos uma
procura acima da média de
casos classificados como azul
[tirar pressão, trocar ponto ou
receita]. As pessoas estão experimentando
o posto”.
Ele negou que o fato tenha
ocorrido por causa da
falta de médicos. Segundo
ele, naquela noite havia quatro
clínicos gerais e quatro
pediatras. “Ouvimos algumas
pessoas que estavam no
local e reconheceram alguns
dos invasores, que já teriam
causado problemas em outros
locais”, relatou. Outro problema
apontado foi a renovação
da Guarda Municipal, que
convocou novos servidores,
ainda sem experiência.
Para Luiz Henrique Mandetta,
a presença da PM seria
importante para o registro
dos casos de violência. “Agressões
contra mulheres, crianças
e idosos, por exemplo,
atendidas nas UPAs, acabam
não sendo denunciadas pela
falta de policiais. Muitas pessoas
deixam de procurar socorro
na Santa Casa, porque
sabem que lá haverá a investigação
do caso”