O local é tranquilo e tem aparência de cidade do interior. O entorno é limpo e as casas, para quem olha de fora, parecem muito bem cuidadas. O retrato da Rua Domingos Giovani di Salvi, no Conjunto Coophasul, em Campo Grande, esconde uma situação curiosa e, ao mesmo tempo, preocupante. Ao longo da rua, que tem cerca de 200 metros, ao menos um morador de cada casa já foi infectado pela dengue. “A maioria ficou ‘dengosa’ aqui”, brinca Rosa Nadime Saueia, de 60 anos, uma das moradores da rua, acometida pela dengue. É só alguém perguntar, para que Rosa comece a apontar as casas de conhecidos que foram infectados. “Naquela casa tem a Marisa, mais para frente a Leila, ali tem o Alan e naquela outra casa os quatro pegaram dengue”, contabilizou a moradora. “Uma amiga não podia acudir a outra, porque estavam todas doentes. Fiquei até nervosa”, contou Paula Cabral, de 65 anos, que também teve a doença. De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas da dengue são febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, manchas vermelhas no corpo, dor nos ossos e articulações. Por meio de exame de sangue, o médico pode saber a evolução da doença, que pode ocorrer para o caso mais grave – a dengue hemorrágica. Um dos indícios dessa evolução é a diminuição do número de plaquetas no sangue, células responsáveis pela coagulação sanguínea. Em uma pessoa saudável, exames vão mostrar quantidade de plaquetas entre 150 mil e 400 mil por milímetro cúbico de sangue. Quando o indivíduo é infectado pelo vírus da dengue, o número pode cair para índices inferiores a 100 mil. Prevenção A casa da maioria das pessoas infectadas hoje está limpa e não apresenta focos de proliferação do mosquito Aedes aegypti. “Eu me senti até revoltada”, conta Marisa Pereira. Ela ficou sem entender por que em uma região tão limpa e bem cuidada muitas pessoas foram picadas pelo mosquito. “Não sei, mas disseram que o mosquito vem de longe”, conta. A funcionária pública Janaína Moreira, de 31 anos, que teve dengue ao mesmo tempo em que o pai, a mãe e o marido dela foram acometidos pela doença, acredita que o “surto” ocorreu por conta de uma casa que estava em reforma e onde havia muitos recipientes com água da chuva acumulada. “Faz tempo que eu não vejo o carro do fumacê”, reclamou Janaína, que disse ter entrado em contato com a Prefeitura de Campo Grande para pedir que o carro pulverizasse a região. “A gente fica com as mão atadas”, disse. Os moradores da rua já estão curados e, mais do que nunca, cuidadosos com a sujeira na rua e nos quintais. (BG)