O julgamento da AP (Ação Penal) 470, conhecida como o mensalão, chegou ao sétimo dia nessa sexta-feira. Houve até o momento a apresentação da sustentação oral de 25 advogados. Todos os defensores afirmam que seus clientes são inocentes no que se refere ao esquema de compra de votos de parlamentares, porém, alguns deles admitiram que seus clientes estavam envolvidos com dinheiro de caixa dois. Outra argumentação muito usada pelos defensores foi a falta de provas.
Até o momento, foram mais de 30 horas de defesa contra cinco horas de acusação. Esses números, segundo os ministros, invalidam uma possível reclamação de que a defesa teve pouco espaço. Entretanto, muitos advogados estão insatisfeitos com a ausência de alguns magistrados. Na terça-feira, a ministra Carmem Lúcia deixou o julgamento mais cedo para uma sessão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ontem, foi a vez de Marco Aurélio Mello, que foi a um encontro de advogados. Os defensores alegam um desprestígio por parte dos magistrados.
Caixa dois
As sustentações orais começaram no terceiro dia de julgamento. Neste dia, José Luis Mendes Oliveira, José Luiz Fernando Pacheco, Antônio Malheiros Filho e Hermes Vilchez Guerreiro, representaram, respectivamente, o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e os publicitários Marcos Valério e Ramon Hollerbach.
Todos negaram a existência do mensalão, mas os advogados de Delúbio e Valério admitiram a existência de caixa dois para beneficiar a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, pelo PT. O advogado do publicitário Marcos Valério terminou a defesa afirmando que seu cliente já foi condenado pela mídia e que não pode ser sacrificado como um "troféu".
No quarto dia, foram ouvidos os advogados de Cristiano Mello Paz, empresário e sócio de Marcos Valério; Rogério Lanza Tolentino, advogado ligado ao publicitário; Simone Reis Lobo de Vasconcelos, ex-diretora financeira da empresa de publicidade SMP&B; Geiza Dias dos Santos, ex-gerente financeira da SMP&B; e Kátia Rabello, ex-presidente do Banco Rural. Durante suas argumentações, todos os defensores tentaram desvincular os clientes das supostas ações ilícitas do empresário Marcos Valério.
PT e PL
O quinto dia trouxe novamente ao júri membros do PT, o deputado federal João Paulo Cunha e o ex-ministro das Comunicações Luiz Gushiken. Além deles, os advogados fizeram as defesas de José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório. Como nos dias anteriores, todos alegaram inocência de seus clientes. O advogado de Cunha, Alberto Toron, chegou a argumentar que a ideia de lavagem de dinheiro é "fantasmagórica". João Paulo era presidente da Câmara dos Deputados quando as denúncias do mensalão vieram à tona, em 2005.
No sexto dia foi a vez dos advogados de Enivaldo Quadrado, sócio da corretora Bônus Banval, do ex-assessor do PP João Cláudio Genu; do deputado federal Pedro Henry (PP/MT); do ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE) e de Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, apresentarem suas sustentações orais. Mais uma vez, os advogados admitiram caixa dois de campanha, mas negaram a existência de compra de votos de parlamentares.
O sétimo dia foi marcado pelas defesas de réus que faziam parte da cúpula do PL (Partido Liberal), que anos mais tarde passou a se chamar PR (Partido da República). Uma das defesas mais aguardadas do dia foi a do ex-presidente do PL e deputado federal Waldemar da Costa Neto. O advogado de Neto, Marcelo Luiz Ávila de Bessa, alegou falta de provas, mas admitiu que o deputado recebeu dinheiro do PT para quitar despesas da campanha eleitoral de 2002.
Próximos passos
As sustentações orais serão retomadas na segunda-feira, quando 12 advogados devem apresentar as suas defesas. A previsão é que esta fase seja concluída até o próximo dia 15.