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Daqui a cinquenta anos

Daqui a cinquenta anos

Redação

19/08/2010 - 06h34
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Quando eu era pequeno, uma vizinha metida a cigana leu  a minha mão. Disse, com toda a firmeza, que eu seria bem-sucedido, casado, pai de família, três filhos (errou, tenho dois) e que teria longa vida. Antes de qualquer comentário, meu ou de minha mãe, que a tudo assistia, complementou com semblante sério: “Vais morrer no mesmo ano que o Brasil conquistar o décimo campeonato mundial”.
Desde então dona Dalva deixou de torcer pela seleção canarinho. Bobagem! Nostradamus, tarô, mãe Dinah, não creio em nada disso! Mas, às vezes, me pego imaginando o futuro. Como será Campo Grande daqui a cinquenta anos? Deixo de lado pensamentos catastróficos, os Maias, o aquecimento global e o choque de um cometa com nosso planeta. Imagino nossa cidade no futuro. Será uma grande metrópole, com seus cinco milhões de habitantes, gente humilde e trabalhadora, muito embora poucos se conheçam pessoalmente e os relacionamentos se restrinjam a imagens e digitações com auxílio de computadores.
Sair  de casa só em alguns eventos, do tipo show ao vivo dos artistas veteranos como Luan Santana, Maria Cecília e Rodolfo entre outros. Mas só os velhinhos saudosos irão ver, pois os jovens estarão ocupados na própria criação de uma cópia performática artisticamente perfeita, que canta, dança e interpreta a seu bel prazer. Em 2060, nossa cidade terá metrô, que sairá de Terenos, então um município da grande Campo Grande, indo parar em três minutos no terminal de Anhanduí, para depois partir até a cidade velha – o atual centro da Capital – e de lá para além do Parque dos Poderes, onde uma outra cidade estará erguida, a cidade nova, repleta de eucaliptos e ipês floridos.
Não haverá carros, motos, táxis, ônibus, apenas o sistema de metrô e esteiras de rolagem alguns metros acima das ruas, nas quais, pacientemente, o campo-grandense do futuro se deslocará rumo a seu destino, em vez de caminhar pelas calçadas, então transformadas em canteiros da flora pantaneira.
Veículos serão desnecessários. Que maravilha!  O trânsito terrível de Campo Grande tem os dias contados. Buzinaço, poluição, gente atropelada estendida no chão, os carros dos bombeiros e do Samu apitando freneticamente e gente fazendo de tudo para dar passagem, isso irá acabar!
O sistema de saúde do futuro será feito por agentes robôs, idealizados para funcionar ao mesmo tempo como médico, laboratorista, enfermeiro e avó, sim, avó, que é pra fazer aquele carinho inesquecível, aquela afeto caloroso e o rosto angelical imprescindível quando estamos doentes. Será o fim do câncer, do diabetes, Aids, infarto e derrames. Bastará um simples comprimido, ou, nos casos mais graves, uma pequena ingestão de células-tronco.
Bebeu demais, entupiu-se de picanha? Seu fígado pifou, o coração deu pane? Células-tronco neles e tudo fica novo em folha. O fim das filas nos postos de saúde e de gente morrendo nos corredores dos hospitais. Não haverá mais os grandes monumentos erguidos para a prática da fé. Serão desnecessários. O pastor, o padre, o rabino e até o pai de santo entrarão diretamente nos lares por meio de imagens de terceira dimensão. Ainda estarão no aguardo do retorno do Messias e no dia do julgamento final, cada dia mais perto de acontecer, segundo eles.
E o melhor de tudo: os políticos estarão extintos em 2060. Farão parte de murais de sites de museus, no setor fúnebre, expostos em um único quadro, como uma nova Guernica, de Picasso. Darão lugar ao sistema integrado de Governo, um hardware desenvolvido por uns jovens, lá pelos idos dos anos 2020, sistema preciso e competente, que funcionará partindo do princípio que a distribuição de riquezas e a igualdade social sejam parte principal de composição de nosso País.
Quando este ano chegar, de mim nada restará senão a lembrança, dificilmente estarei vivo aos noventa e cinco anos. Se algum jovem achar que deve, recorte e guarde este texto, diga lá em 2060 que isso foi escrito cinquenta anos atrás. Ria ou chore depois, mas não invente. Qualquer que for o resultado, não me chamar de vidente, mas um maluco ilusionista que ousou crer que no futuro as coisas irão melhorar.
 
ANDRÉ LUIZ ALVEZ, [email protected]

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Comissão vai analisar pedido de anistia coletivo dos povos indígenas Guarani e Kaiowa de Caarapó

Violações praticadas pelo governo brasileiro aos indígenas no período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade

27/03/2024 17h00

Arquivo/Correio do Estado

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A Comissão de Anistia irá analisar, em sessão histórica o pedido de anistia coletivo dos povos Guarani Kaiowa, da comunidade indígena Guyraroká, protocolado pelo Ministério Público Federal (MPF) em 31 de agosto de 2015.

Esta será a primeira sessão promovida pelo órgão, criado em 2002, e atualmente vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, para analisar eventual reparação a indígenas que tiveram os direitos humanos violados durante o período da ditadura militar no Brasil, entre 1947 e 1980.

A sessão de apreciação dos pedidos ocorrerá às 8 horas (horário de MS) no próximo dia 2 de abril, no Auditório do MDHC, em Brasília (DF). O procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida, que subscreve o requerimento, representará o MPF.

Além da comunidade indígena Guyraroká, localizada no município de Caarapó (MS), a cerca de 275 quilômetros de Campo Grande, também serão analisados durante a sessão os pedidos de anistia relacionados aos povos Krenak, de Minas Gerais.

Como o primeiro pedido foi protocolado há quase uma década, o MPF promoveu recentes reuniões com lideranças da aldeia Guyraroká, no intuito de debater e atualizar o documento contendo os requerimentos coletivos, cujo teor será apresentado durante o ato no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Retirada do território

Políticas federais de povoamento do país, implementadas durante o período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai, levaram agentes estatais a promover traslados compulsórios dos indígenas de Guyraroká, provocando mortes e profunda desintegração dos modos de vida destes povos tradicionais.

O propósito era retirar os indígenas das vastas áreas por eles ocupadas segundo os seus modos tradicionais e confiná-los em espaços exíguos definidos unilateralmente pelo poder público. As terras ocupadas anteriormente por eles foram liberadas à ocupação de terceiros, que tiveram a posse dos terrenos legitimada por títulos de propriedade.

Estas violações praticadas à época pelo governo brasileiro aos indígenas de Mato Grosso do Sul foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), que esteve em Dourados e ouviu integrantes da comunidade Guyraroká sobre o processo de confinamento territorial que sofreram. Estima-se que mais de 8.300 indígenas foram mortos no período em decorrência da ação estatal ou da omissão do governo brasileiro.

Repercussões das violações

Após anos longe do território, aos poucos, os indígenas buscaram ocupar Guyraroká, num processo que começou em 2004, iniciando pela ocupação da faixa de domínio da rodovia estadual que ladeia a terra indígena (MS-156) e posteriormente ocupando uma parcela do perímetro declarado – 65 de um total de 11 mil hectares.

O MPF destaca, no pedido de anistia, que a principal atividade econômica desenvolvida pelos indígenas Kaiowa é a agricultura e, quando retirados do seu território forçadamente pelo governo brasileiro, ficaram completamente desprovidos do exercício de todas as suas atividades econômicas, merecendo a reparação.

Além disso, a desintegração do grupo e a ausência de acesso ao território tradicional, somada à extrema miséria, provocaram um número significativo de mortes por suicídio na comunidade. Em um grupo de 82 pessoas, registrou-se um caso de suicídio por ano entre 2004 e 2010.

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Prefeita prevê conclusão das obras de saneamento básico na Homex em 60 dias

Segundo a Águas Guariroba, as obras iniciaram há 10 dias e até o momento foram instalados 3,5 km de rede de esgoto.

27/03/2024 16h45

Fotos: Gerson Oliveira

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Após anos de luta, cerca de 1,5 mil famílias que residem na comunidade Homex, localizada no Jardim Centro-Oeste, em Campo Grande, terão acesso ao sistema de saneamento básico de água e esgoto. A prefeita Adriane Lopes (PP) e o presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, realizaram uma visita técnica para inspecionar o andamento das obras iniciadas há dez dias. Segundo o cronograma, a previsão de conclusão é de 60 dias. 

Até o momento, foram instalados 3,5 km de rede de esgoto na Comunidade do Homex. O investimento, proveniente de uma parceria público-privada com a concessionária Águas Guariroba, é de aproximadamente R$8 milhões

De acordo com o diretor executivo das Águas Guariroba, Gabriel Brum, foram instalados 8,7 quilômetros de rede de água e outros 12 km de rede de esgoto na comunidade. 

"Esta é uma obra bem complexa por causa de diversas instalações que acabamos encontrando debaixo das casas. Infelizmente agora é uma dor de cabeça aos moradores, mas em breve será de muita alegria, porque o nosso objetivo é terminar em 60 dias",  relatou ao Correio do Estado.  

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A prefeita Adriane Lopes destacou que o saneamento básico é fundamental para a qualidade de vida das pessoas. Ela ainda ressaltou que a disponibilidade de água tratada nas torneiras irá reduzir as filas nas unidades de saúde e, consequentemente, promover o bem-estar dos moradores

"Estamos avançando nessa obra de grande importância para a comunidade. São mais de 1,5 mil famílias, e cerca de 5 mil pessoas que terão saneamento que é vida", afirmou. 

Durante a apresentação do mapa das obras para a imprensa, o diretor-presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, anunciou que, no primeiro mês após a instalação, não será cobrada tarifa de água e esgoto dos moradores.

"Além de não pagarem água e esgoto no primeiro mês, as famílias serão cadastradas na tarifa social. Vamos passar pela comunidade ensinando as famílias a consumir a água", explica Themis Oliveira.


Qualidade de vida 

Observando de longe o trabalho dos funcionários da Águas Guariroba, Clair Lopes, de anos, é residente da Comunidade do Homex há 8 anos, tentava entender o que estava acontecendo. Após a imprensa relatar que seria instalada uma rede de esgoto e água, ela ficou extremamente animada com a expectativa de ter água limpa na torneira. Junto com ela, moram quatro pessoas: seu marido, seu filho e uma filha que está grávida. 

"Nossa, que alegria ouvir isso. Será uma benção, é tudo que a gente queria, ter água limpa em casa. Meus netos todos já tiveram diarreia e agora vamos ter uma água boa para nós consumir", relatou.

Clair ainda expressou sua ansiedade por poder tomar um banho demorado, já que a família atualmente precisa se banhar com baldes.

"Não vejo a hora de poder tomar banho de verdade, ninguém merece ter que usar baldinho", relatou Clair.

 

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