Laura Virgínia e Cleani Marques, duas bailarinas do Margaridas Grupo de Dança, de Brasília, sobem ao palco do Teatro Aracy Balabanian nesta noite, às 20h30min, para apresentar o espetáculo “Rainha”. Inspirado em poemas e canções de mulheres negras, o trabalho procura discutir questões sociais e políticas sobre a mulher a partir de pontos como a raça, a exclusão e a condição social. “Por falar sobre a mulher negra, ele é um trabalho que fala às mulheres em todas as suas cores”, acredita Laura, intérprete e diretora artística do grupo. O título “Rainha” faz referência ao candomblé, na forma como os fiéis se referem às entidades femininas. “Como este trabalho é de dança contemporânea, não utilizamos tantos elementos das religiões afro-brasileiras. Mas, claro, tivemos influência dessas referências”, argumenta a diretora. Segundo ela, quem for ao teatro vai assistir a um espetáculo forte, cheio de lirismo e poesia. “Esse é o universo feminino, não é?”, indaga. Laura conta que o espetáculo nasceu após a leitura de “O olho mais azul”, da escritora afro-americana Toni Morrison, nobel de literatura em 1993. “Este livro chamou mi n ha atenção e aguçou minha curiosidade sobre a identidade da mulher negra. Percebi que queria levar isso para o palco”, detalha. Ela levou a ideia ao grupo, que logo iniciou a pesquisa sobre o tema. Com um trabalho que procura unir dança contemporânea e literatura, o Margarida Grupo de Dança iniciou uma busca a textos de poetisas negras, publicados em baixas tiragens. “Foi um trabalho difícil, pois há uma dificuldade grande em se encontrar a produção dessas mulheres”, conta a diretora. A pesquisa, que reuniu nomes brasileiros e estadunidenses, foi entregue às mãos de Édi Oliveira, responsável pela criação coreográfica. Na trilha, canções de Nina Simone e cantos do candomblé dão ritmo aos movimentos das intérpretes. Elas também recitam os poemas em meio à dança. Segundo a diretora, o espetáculo tem, aproximadamente, uma hora. Vencedor do prêmio Klauss Viana, da Fundação Nacional de Artes (Funarte), na categoria de circulação, o trabalho percorrerá cidades do Centro- Oeste e de alguns Estados do Nordeste. A iniciativa faz parte de uma parceria entre a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e a Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Mulher. Oficina Na manhã de sexta, às 10h, no Centro Cultural José Octávio Guizzo, acontece uma oficina gratuita com o Margaridas Grupo de Dança. Segundo Laura Virgínia, diretora artística e intérprete, o grupo abordará questões relacionadas à mescla entre dança e literatura. “Pouca gente sabe, mas os passos de dança foram a maior influência da métrica poética. Vamos tentar mostrar um pouco como funciona essa relação”, explica. A oficina é aberta ao público, independente de estarem ligados a dança ou não. As inscrições podem ser feitas pelo núcleo de dança do setor de Difusão Cultural da FCMS.