Maria Matheus
O novo presidente regional do PDT, deputado federal Dagoberto Nogueira, vai tentar convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a vir ao Estado, durante a campanha eleitoral, pedir votos ao pré-candidato do PT ao Governo, José Orcírio dos Santos. “Acho que a presença dele ajuda muito o Zeca (José Orcírio). Ele está muito forte nas pesquisas. Está com muita credibilidade, não só em meio aos trabalhadores, mas também no meio empresarial”, enfatizou.
Segundo o pedetista, em duas ocasiões, ele pediu ao presidente Lula para subir no palanque de Orcírio, mas vai insistir na proposta. “Quando estive com Lula no avião (na viagem a Três Lagoas, no início do ano) eu falei para ele que é muito importante vir aqui. Também falei com ele quando estive no gabinete dele”, contou. “Disse também que, mesmo que o André (Puccinelli) manifestasse apoio a ele (Lula), não iria apoiar. Ele (André) não é uma pessoa que cumpre palavra”, acusou.
Na avaliação de Dagoberto, o governador articula para o PMDB de Mato Grosso do Sul ficar com um pé no palanque da pré-candidata do PT à sucessão presidencial, Dilma Rousseff, e outro no de José Serra (PSDB). “Eu disse ao Lula que o André só ficaria conosco se ele fosse candidato único. Se nós déssemos tudo, aí seria perigoso ele ficar conosco. Mas se tiver de fazer alguma disputa, ele já não fica mais”, opinou. “É uma questão ideológica. E ele também não tem outra alternativa, senão perde o povo da direita”.
Alianças
Dagoberto, que assumiu ontem a presidência do PDT, afirmou que a aliança com o PT em Mato Grosso do Sul é irreversível. “Agora, estamos trabalhando para trazer os demais partidos de esquerda (para a coligação): o PSB, PCdoB, o PTB, o PP, os partidos que estão na base aliada do presidente Lula”, comentou.
Além disso, PT e PDT trabalham para compor com o Partido da República, ainda que a legenda tenha firmado compromisso de apoiar a reeleição de Puccinelli. “Inclusive, não desistimos do PR. Acho que se o André ficar com o Serra, dificilmente o PR fica com ele”, avaliou Dagoberto.
Conflitos internos
Para o novo presidente do PDT, o partido já não enfrenta conflitos internos, apesar de o vereador Loester Nunes (PDT) fazer, repetidas vezes, duras críticas ao seu desempenho de levar o partido a se juntar ao PT. Loester deixou claro não concordar com a condução do partido nos últimos meses e defende a realização de eleições para escolha dos dirigentes partidários.
Dagoberto, assim como seu antecessor, João Leite Schimidt, foram nomeados para o cargo. “Não tem mais conflito interno. O que tinha, saiu, acabou. O Loester é voz isolada, ele só não saiu porque ele não quis”, declarou.
O deputado deve permanecer na presidência do PDT até outubro. Após o pleito, ele pretende convocar eleições internas para escolha da executiva do partido. “Gostaria que um dos deputados estaduais eleito assumisse o PDT, depois das eleições”.
Ainda segundo o parlamentar, nos próximos dias o comando nacional do PDT deve publicar portaria com orientações sobre alianças partidárias e eventuais punições a infiéis. “Vamos avaliar, em conjunto com o diretório regional, depois da convenção. Pode haver punição, mas vou aguardar manifestação da direção nacional”.