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Custo de produção de carne seguirá elevado

Custo de produção de carne seguirá elevado

AGÊNCIA ESTADO

10/04/2011 - 00h02
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Produtores de carnes têm gasto menos com insumos para ração neste início de ano, mas veem como pontual o recuo das cotações e esperam fechar 2011 com custos de produção estáveis ou até superiores. Os preços de farelo de soja, amendoim e até milho, usados na ração animal, caíram nos últimos dois meses, pressionados pela entrada da safra. Entretanto, a perspectiva é de recuperação dos preços desses itens ao longo do ano, com demanda superior à oferta. Levantamento da Scot Consultoria mostra que a cotação do farelo de soja diminuiu 11% em março ante fevereiro, para R$ 705 a tonelada. O produto iniciou o ano cotado a R$ 797/tonelada. "Há uma pressão no valor do farelo de soja em função da colheita, que traz um pouco mais de oferta ao mercado", explicou o zootecnista e consultor da Scot, Alex Santos Lopes da Silva. Segundo ele, o produto é considerado balizador e outras proteínas também registraram recuo, como é o caso do farelo de amendoim, que teve queda de 10% desde o início do ano, cotado a R$ 625/tonelada. O milho (grão), um concentrado energético e muito utilizado nas rações, também caiu em março ante fevereiro: 6%. "O problema é que esses recuos parecem ser pontuais, já que têm o efeito momentâneo de pressão da colheita. No longo prazo, acredito que as cotações desses insumos ficarão firmes e em patamares altos em relação ao ano passado", disse Silva. De acordo com cálculos da Scot, a cotação atual do farelo de soja ainda supera em 12% a de março de 2010, assim como o valor do farelo de amendoim é 18% superior e o do milho, 65% em relação ao do mesmo período do ano passado. Confinamento - Para a assessora técnica de pecuária de corte da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg),

Cristiane de Paula Rossi Carvalho, a queda recente dos insumos animou os confinadores de bovinos do Estado, o maior em volume do País, com 850 a 900 mil cabeças/ano. "Tudo o que favorecer preços menores de custos é bom para o pecuarista. Mas precisamos ficar de olho se esse comportamento durará no ano, o que achamos difícil de isso ocorrer. O que realmente deve impulsionar um aumento de volume de confinados para esse ano é o preço atrativo futuro do boi gordo, que acaba compensando a alta de custos", disse a assessora da Faeg. A Associação Nacional dos Confinadores (Assocon) está terminando a primeira pesquisa de intenção de confinamento para 2011, mas dados preliminares indicam que os confinadores deverão gastar aproximadamente 35% a mais neste ano com as dietas dos animais. A alimentação é responsável por cerca de 25% do custo operacional do confinamento (o restante dos gastos é com o boi magro)."Não tenho dúvidas de que os insumos estarão bem mais elevados do que 2010. O que o confinador deverá fazer para manter sua rentabilidade é a combinação de dietas, balanceando os custos de cada produto", disse o zootecnista da Assocon, Bruno Andrade, ressaltando que o volume de confinados deste ano será maior que 2010, mas não citou porcentual. Já a Scot prevê um incremento de 15% na oferta de bois de confinamento em 2011 ante 2010.Aves e suínos - Representantes dos segmentos de aves e suínos também preveem preços sustentados para os insumos neste ano. Para o diretor de mercado interno da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína Abipecs), Jurandi Soares Machado, os recuos recentes do farelo de soja e dos outros insumos são momentâneos. "Essas quedas são pontuais, por conta da colheita e não há efeito significativo nos custos de produção do setor. A demanda tanto interna quanto externa continuará maior que a oferta. Portanto, vejo preços sustentados até o final do ano, principalmente do milho", declarou. O farelo de soja tem peso de 16% na alimentação dos suínos, enquanto o milho, 70%.O presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, concorda: "Não vamos ter refresco com os preços dos grãos em 2011, eles se manterão em patamares altos. No caso do milho, nem mesmo os leilões (do governo, com oferta de estoques) e a safra serão suficientes para atender a demanda e diminuírem os preços", declarou.

DESENVOLVIMENTO

Programa Precoce MS: novo sistema de cadastramento de estabelecimentos rurais já está em vigor

Os profissionais devem completar um Curso de Capacitação e anexar o certificado

18/04/2024 10h30

Divulgação

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O Programa Precoce MS implementou um novo sistema informatizado para facilitar cadastros e recadastramentos de estabelecimentos rurais, profissionais responsáveis técnicos e classificadores, visando valorizar aqueles que contribuem para a produção de animais de qualidade superior.

Com objetivo de promover práticas agropecuárias sustentáveis e melhorar aspectos como biosseguridade, bem-estar animal e gestão sanitária, o sistema agora está disponivel no Portal e-Fazenda.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Rogério Beretta, o sistema foi modernizado para melhor desempenho. 

Novas medidas

As novas medidas exigem o recadastramento dos profissionais responsáveis técnicos e classificadores, além de estabelecimentos rurais. Os profissionais devem completar um Curso de Capacitação no Precoce/MS via Escolagov e anexar o certificado.

Os estabelecimentos rurais já cadastrados permanecerão no nível "Obrigatório" até a renovação do cadastro. Os classificadores de carcaças bovinas também precisam ser recadastrados e formalizar uma ART com a empresa contratante.

As novas regras também afetam a condição legal dos estabelecimentos para cadastro no sistema, exigindo regularidade perante várias entidades, incluindo o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul).

Para estabelecimentos que praticam confinamento, é necessário apresentar documentação ambiental adequada.

O cálculo do incentivo para animais abatidos considerará o impacto tanto do processo produtivo quanto do produto obtido. A modernização inclui a implantação de protocolos de produção e avaliação através do "Protocolo Precoce em Conformidade", enfatizando a segurança alimentar, sustentabilidade e tecnologia nos sistemas produtivos.

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MATO GROSSO DO SUL

Quebra da safra de soja é estimada em R$ 4 bilhões

Levantamento aponta para 2,084 milhões de toneladas a menos no ciclo 2023/2024

18/04/2024 08h30

A colheita da soja atingiu 4,1 milhões de hectares, 96,4% da área Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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A estiagem e as chuvas esparsas ocorridas durante o desenvolvimento da lavoura de soja em Mato Grosso do Sul já impactam em uma produção menor.

A primeira estimativa de redução da produtividade já aponta para uma queda de 13,89% na safra 2023/2024 em relação ao  ciclo anterior, gerando prejuízos acima de R$ 4 bilhões.

A quebra ainda pode ser maior, considerando que a colheita ainda não foi finalizada e os dados oficiais só são divulgados após o fim colheita. 

Dados divulgados na semana passada pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), com base no levantamento do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga MS), apontam que o Estado sai de uma produção recorde de 15,007 milhões de toneladas na safra 2022/2023 para 12,923 milhões de toneladas de grãos no ciclo atual - redução de 2,084 milhões de toneladas. 

A projeção realizada pela reportagem do Correio do Estado é norteada nos dados disponibilizados pelo relatório do Siga-MS e consultoria técnica de agentes do setor.  

O preço médio da saca de soja com 60 kg era comercializado pelo preço médio de R$ 115,19 ontem em MS, considerando que 2,084 milhões de toneladas são 34,733 milhões de sacas de soja, o prejuízo estimado para a safra 2023/2024 é de R$ 4 bilhões.

Considerando somente a redução entre a estimativa inicial, de 13,818 milhões de toneladas, para as atuais 12,923 milhões de toneladas, o prejuízo já chega a R$ 1,7 bilhão. 

Os números divulgados no boletim Casa Rural, elaborado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul) e Aprosoja-MS,  apontam para produtividade de 50,5 sacas por hectare, valor que representa uma queda de 19,12% em relação à estimativa inicial para o ciclo.

“Em relação às nossas expectativas iniciais, notamos uma queda de 6,5% tanto na produção quanto na produtividade. A produção diminuiu de 13,818 milhões de toneladas para 12,923 milhões, resultando em uma redução de 895 mil toneladas. Da mesma forma, a produtividade caiu de 54 sacas por hectare (sc/ha) para 50,5 sc/ha, uma redução de 3,5 sc/ha”, detalha o relatório.

O presidente da Aprosoja-MS, Jorge Michelc, explicou que o cenário de queda nos indicadores da safra é resultado de um ciclo com condições climáticas adversas. 

“Desde o plantio, os produtores sul-mato-grossenses enfrentaram os desafios da falta de chuva e além do atraso do plantio, foi necessário replantar mais de 240 mil hectares, principalmente na região central do estado. Agora os resultados estão aparecendo no campo, com lavoura desuniformes e de baixa produtividade, impactando na capacidade de geração de receita das propriedades”, avaliou.

A colheita da soja safra 2023/2024 atingiu 4,111 milhões de hectares, equivalente a 96,4% da área semeada em Mato Grosso do Sul.

A região sul está com a colheita mais avançada, com média de 98,5%, seguida da região central com 95,4% e a região norte com 89,3% de média de área colhida. Frente ao mesmo período do ano anterior, a operação está com atraso de 2,2 pontos porcentual.

O boletim ainda aponta que 18,3% das lavouras de MS se encontram em más condições, 20,6% em condições regulares e 61,1% em boas condições.

Ainda conforme o Siga MS, a colheita da oleaginosa deve encerrar na última semana de abril, período em que os dados de área, produtividade e produção também serão confirmados.

PREÇOS

A saca de soja com 60 kg teve desvalorização de 35% em dois anos. Em abril de 2022, a oleaginosa era negociada a R$ 174, já nesta semana o preço pago é de R$ 115,19 no mercado físico de Mato Grosso do Sul.

No mesmo período, o custo para produzir cresceu 13,85%, saindo de R$ 5.419 por hectare plantado na safra 2021/2022 para R$ 6.170 no ciclo 2023/2024.  

Considerando a estimativa do Siga MS, de que Mato Grosso do Sul vai produzir 50 sacas por hectare neste ciclo, se essas 50 sacas forem comercializadas a R$ 115,19  serão pagos R$  5,7 mil por hectare.

Com o custo de R$ 6,1 mil por hectare na hora de implantar a cultura, o produtor rural vai acumular um prejuízo de R$ 400, em média, por cada hectare plantado.

O boletim econômico com o custo de produção da soja, divulgado pela Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), aponta que o produtor teve despesa total de R$ 6.170,61 por hectare.  
O valor é a soma do custeio da lavoura (que inclui sementes, fertilizantes, inoculantes, etc.), de R$ 3.497,90 por hectare; dos outros custos variáveis (seguro, mão de obra, impostos), R$ 1.707,09; das despesas financeiras (juros), R$ 349,79; da depreciação de máquinas e implementos, R$ 325; de outros custos fixos, R$ 74,83; e renda fatores, R$ 216.

“É uma ferramenta auxiliar na gestão financeira agrícola. Os custos são avaliados pela soma de todas as despesas direta e indiretas, custos variável e fixo, associadas à produção da cultura, no caso, a soja”, detalha o boletim técnico. 

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