A melhor escolha de uma cultivar para plantar soja está associada a diversos fatores, explica a pesquisadora Divania de Lima, da Área de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja. Ela informa que se destacam providências como: o adequado planejamento da atividade agrícola; o conhecimento das condições de fertilidade da propriedade, mais especificamente da área (talhão) onde a cultivar será semeada; a localização geográfica da propriedade; e o regime de precipitação e de temperaturas da microrregião.
A pesquisadora destaca também que antes de escolher a cultivar, o agricultor deve estar ciente da cultura que implantará na safra de outono-inverno seguinte, pois se a opção for pelo milho safrinha as cultivares utilizadas deverão ser aquelas de ciclo precoce, como por exemplo, a BRS 283, a BRS 284, BRS 294RR e BRS 295RR. Por outro lado, caso a opção seja pelo cultivo do trigo ou outro cereal de inverno, o produtor poderá utilizar as cultivares tanto de ciclo precoce, quanto as de ciclo semiprecoce e médio, evitando sempre que possível as cultivares de ciclo tardio, em virtude da maior incidência de esporos do fungo da ferrugem asiática no final da safra, bem como das maiores populações de percevejos, por ocasião da colheita de eventuais lavouras vizinhas implantadas com cultivares de ciclo mais curto.
Divania salienta que as informações referentes à fertilidade do solo, à altitude em que se encontra a propriedade e o regime médio de precipitação são fatores importantes, uma vez que cada cultivar responde de forma diferente a estes fatores combinados ou individualmente.
A maioria dos obtentores das cultivares - empresas de melhoramento, segundo explica a pesquisadora, disponibilizam informações sobre a exigência em fertilidade, época da semeadura e densidade de plantio (número de plantas por metro quadrado). Tais informações podem ser obtidas nos livretos técnicos de cultivares ou ainda consultando os profissionais que atuam na assistência técnica ou nas empresas obtentoras diretamente.
Conforme explica a pesquisadora da Embrapa Soja, uma das estratégias interessantes é implantar um sistema de anotações das safras anteriores para consultá-las como referência ao longo do tempo, ou se possível tentar relembrar quais foram as cultivares utilizadas e, dentre estas, aquelas que obtiveram os melhores rendimentos, ou, ao contrário, que apresentaram algum problema de ordem fitossanitária. Estas informações aparentemente simples ajudam em muito a escolha da cultivar a ser utilizada.
Nos últimos anos, frisa Divania de Lima, os prognósticos climáticos vêm melhorando substancialmente no País e as previsões são de que na próxima safra de verão ocorra o fenômeno La Niña, ou seja, com precipitações abaixo da média histórica. Este fenômeno é oposto ao ocorrido na safra 2009/2010, quando a produção esteve sobre a influência do fenômeno El Niño. Para minimizar os riscos de perdas acentuadas de rendimento e frustração de safra, a pesquisadora recomenda a utilização de algumas práticas de manejo como: semeadura em datas escalonadas, utilização de mais de uma cultivar e semeadura de cultivares de ciclos diferentes.
“Devemos ressaltar sempre que o sucesso de uma lavoura depende em muito do estabelecimento inicial das plantas. Desta forma, a utilização de sementes de qualidade comprovada, adquiridas de produtores de sementes idôneos, também é um dos fatores fundamentais para o alcance de boas produtividades e que não pode deixar de ser considerado no momento da escolha da cultivar ideal”, finalizou a pesquisadora da Embrapa Soja.