O crescimento da ministra- chefe da Casa Civil Dilma Rousseff (PT) na pesquisa de intenção de voto, realizada pelo Datafolha, está mexendo com os nervos dos tucanos de Mato Grosso do Sul. A senadora Marisa Serrano, vice-presidente nacional do PSDB, admitiu a preocupação do partido com o resultado do levantamento. Mas acredita na recuperação do espaço perdido nos últimos dois meses pelo governador de São Paulo e possível candidato à sucessão presidencial, José Serra. Para alcançar esse objetivo, a estratégia tucana é antecipar o lançamento da précandidatura de Serra e divulgar o seu nome nos programas do PSDB, do DEM e do PPS na televisão. Conforme a pesquisa publicada no último domingo no jornal Folha de S. Paulo, Dilma está apenas quatro pontos percentuais atrás de Serra – a petista atingiu 28% das intenções de voto contra 32% do tucano. Serra caiu cinco pontos em relação a dezembro. “Toda campanha política preocupa. Estando à frente ou atrás, sempre temos de estar atentos”, disse a senadora Marisa Serrano, ao ser questionada sobre a queda de Serra e o crescimento de Dilma. “Mas não que seja impossível reverter. Tanto é possível que o Serra está com 10 milhões de votos na frente da Dilma”, argumentou. Mídia e enchentes Os tucanos atribuíram os números do levantamento à forte exposição da ministra na mídia em janeiro e fevereiro e às enchentes em São Paulo, que teriam prejudicado a imagem de Serra. “A Dilma está há um ano e meio fazendo comícios. É natural que, com essa macro exposição, ela cresça nas pesquisas”, disse o deputado estadual Professor Rinaldo (PSDB). “O Serra só está resolvendo pepino em São Paulo. Lá está chovendo há 65 dias. Isso o desgastou”, reconheceu. “A população, quando está sofrendo, precisa descarregar sua angústia e preocupação em alguém e geralmente, é nos governantes”, concordou Marisa. Na avaliação do presidente regional do PSDB, deputado estadual Reinaldo Azambuja, o fato de José Serra ainda não ter assumido publicamente a sua candidatura a presidente também contribuiu para o resultado desfavorável. Ele observou que Dilma está se aproveitando do cargo de ministra do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se promover e apontou o descaso da Justiça Eleitoral com a suposta campanha antecipada da petista. “Quando começar o jogo de fato, quando a Dilma assumir o papel de candidata e a Justiça Eleitoral coibir os excessos - infelizmente hoje não está coibindo - teremos debates e o resultado será diferente”, previu. Sem surpresas Conforme Marisa Serrano, o desempenho da ministra nas pesquisas de intenção de voto não surpreendeu o PSDB. O partido sabia que o lançamento da pré-candidatura de Dilma e o programa nacional do PT na televisão, mostrando a ministra ao lado de Lula, contribuiriam para melhorar os índices da petista. Nos bastidores, segundo a Folha de S. Paulo, o PSDB pressiona Serra a antecipar o lançamento da sua pré-candidatura para tentar barrar o crescimento da petista nas pesquisas. Marisa não comentou a pressão dos tucanos sobre Serra, mas disse que lançálo pré-candidato o mais rápido possível é uma das táticas do PSDB para recuperar terreno na corrida presidencial. Outra estratégia é tentar convencer o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, a ser o vice na chapa do PSDB. “Ainda estamos negociando”, disse Marisa. Um terceiro fator deve alavancar Serra, na avaliação da senadora: o horário gratuito na televisão do Democratas, do PPS, bem como dos tucanos, em abril, maio e junho.