Produtores rurais de Mato Grosso do Sul tiveram 7,8% mais crédito disponível em 2009, incremento de R$ 203 milhões. Segundo o Banco Central (BC), o montante de financiamento concedido, também para cooperativas, para custeio da safra, investimento e comercialização passou de R$ 2,586 bilhões, em 2008, para R$ 2,789 bilhões no ano passado. As lavoras de soja da cidade de Maracaju foram o principal destino do crédito. Mais de 900 contratos locais abocanharam R$ 173 milhões. Só para cobrir custos, como insumos, o valor disponibilizado pelas instituições financeiras alcançou R$ 1,914 bilhão em MS, negociados em mais de 17 mil contratos. A soja levou a maior parte desse dinheiro: R$ 665 milhões; seguida do milho (R$ 252 milhões) e eucalipto (R$ 42 milhões). Segundo o gerente de agronegócios do Banco do Brasil — responsável por 85% das linhas de financiamento rurais em MS, — Loureno Budke, a boa notícia do ano é a inadimplência no Estado de 1,82%, uma das mais baixas do Brasil. “Houve uma mudança na postura do produtor rural, que ficou mais consciente sobre o crédito e sua necessidade de liquidez”, analisa o gerente. A lição foi árdua. Historicamente, o produtor rural renegociava dívidas em atraso porque era atrapalhado pela instabilidade do clima. A estiagem não deu trégua no ano passado, mas a renegociação de dívidas despencou. Eles passaram a garantir lucros em meio aos contratempos climáticos com seguros, e forçados a usar o dinheiro do banco realmente para a lavoura. “Quase não houve renegociação de dívidas em 2009. Agora, eles as compras para custear a safra são feitas no cartão e o valor é debitado na conta do financiamento, não é possível usar o dinheiro para outros fins”, diz Budke. Os produtores entenderam também que as renegociações não poderiam ser feitas como simples benefício, e podiam dificultar futuros empréstimos por influenciar seu histórico com o banco. Juros O vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), Eduardo Riedel, observou maior flexibilidade nos agentes financeiros em 2009, como bancos e tradings. “O crédito melhorou, mas nosso problema de endividamento ainda é serio”, avalia. Para ele, o “sistema de crédito ideal deveria gerar mais crédito com taxas compatíveis com a realidade do produtor”. A taxa de juros nos financiamento do Banco do Brasil estão fixadas em 6,75% ao mês. A esse índice, o banco emprestou R$ 1,249 bi em 2009 em MS, 13% a mais do que em 2008. Já as taxas das linhas do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) são mais atraentes: entre 5% e 8,5% — quanto menor o porte do tomador, mais camarada são os juros. O fundo foi criado pela Constituição de 1988, e é formado por frações de impostos federais. No ano passado, ele distribuiu R$ 502 milhões para empresários rurais do Estado, e outros R$ 311 milhões para os da cidade.