A evolução do carnaval
corumbaense fora da passarela
do samba iniciou-se
nesta década, com a criação
da Liesco (Liga Independente
das Escolas de Samba),
em 2003. Mas o marco
da mudança radical, com
a qualificação e reestruturação
das escolas, foi a
presença do carnavalesco
Joaosinho Trinta, em 1998,
num período em que o axé
invadia a folia pantaneira.
“Não dei xem o ritmo
baiano tomar conta do seu
carnaval”, avisou Joãosinho,
que a época trabalhava na
Beija-Flor. Ele veio a Corumbá
com um mestre de bateria
da escola carioca e foram
realizadas palestras e cursos
que deram um novo impulso
e incentivo aos carnavalescos
locais. De lá para cá, o
carnaval cresceu na proporção
das agremiações.
Com o surgimento da
Liesco, a prof i ssion a l ização
foi consequência.
Outro momento crucial:
o retorno da escola Império
do Morro, em 2004,
com uma visão mais empresarial.
“Saíram de cena
os donos das escolas, que
passaram a ser administradas
por empresários,
traba l hando o ano todo
para fazer dinheiro, como
uma empresa”, observa o
presidente da Liesco, Zezinho
Martinez.
O primeiro presidente
da Liesco também foi um
empresário: o ex-banqueiro
e pecuarista A l fredo
Zamlutti. Com a nova visão
administrativa, veio o
aprimoramento dos ritmistas
e sambistas e das alegorias.
“A sociedade passou a
ver a escola de samba com
outros olhos e a participar
dela. A ntes, ninguém da
chamada a lta sociedade
desfilava”, lembra Martinez.
O i ntercâmbio como
carnaval carioca cresceu. A
Império, nos últimos anos,
tem como i ntérprete do
seu samba-enredo Wander
Timbalada, que passou por
várias escolas, entre elas a
Acadêmicos da Rocinha e
São Conrado. A porta-bandeira
Irinéia e o mestre-sala
Jorginho desfilaram na
Salgueiro e Ilha do Governador,
com a qual a escola
mantém parceria.
A presença do poder público
tem sido fundamental
para garantir infraestrutura
na passarela do samba,
mídia e capacitação dos
carnavalescos que trabalham
nos barracões. “Apoiar
o carnaval é investimento”,
diz o presidente da Fundação
de Cultura e Turismo,
Carlos Porto. Segundo ele,
a folia aquece a economia
local e o turismo e gera três
mil empregos.