Fundada a 21 de setembro de 1778, a mando do Capitão-General Luís de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, o 4º Governador da Capitania de Mato Grosso, para defender e consolidar a posse da fronteira sul-mato-grossense à Coroa portuguesa, Corumbá, antes da abertura da navegação fluvial, não passava de um distante e empobrecido povoado com o nome de Albuquerque.
Durante muitos anos amargou um triste isolamento até que por um aviso de 16 de junho de 1857, o então Ministro da Fazenda, Marquês de Olinda, determinou ao Presidente da Província, Raimundo Delamare, que providenciasse a construção de um quartel-general e elaborasse um plano urbanístico para que o povoado não crescesse desordenadamente.
Alguns anos depois (1º de maio de 1861) instalava-se a Alfândega. E, pelo decreto Lei nº 8, de 10 de julho de 1862, o povoado de Albuquerque era elevado à categoria de vila, passando a denominar-se Vila de Santa Cruz de Corumbá.
A partir de então a vila começou a progredir como um pequeno, porém promissor, centro comercial, vendo seu porto desenvolver-se a cada dia com a chegada de vapores, trazendo mercadorias e imigrantes atraídos por melhores condições de vida.
O primeiro imigrante a chegar de Buenos Aires, na época um importante centro comercial da América Latina, foi o português naturalizado italiano Manoel Cavassa que, com a sua família, estabeleceu-se em Corumbá e teve a iniciativa de construir o primeiro prédio de alvenaria no porto da então esperançosa vila.
No entanto, o favorável período para Corumbá estava com os dias contados. A 3 de janeiro de 1865, a vila foi invadida e ocupada pelas tropas paraguaias, comandadas pelo Coronel Vicente Barrios.
A Guerra do Paraguai:
Um retrocesso na economia da região
A Guerra do Paraguai trouxe as piores consequências para a região. A Província de Mato Grosso viveu uma de suas maiores crises e se desorganizou política e administrativamente, entregando-se a toda sorte de provações, sobretudo Corumbá.
As tropas paraguaias, não encontrando resistência por parte dos brasileiros, tomaram conta da vila e a saquearam.
A favorável conjuntura que havia se formado ao comércio regional em pouco foi interrompida, e o alicerce do progresso que vinha sendo erguido se viu destruído e o que sobrou foi o abandono e a desolação.
A navegação fluvial internacional foi suspensa, o que ocasionou um retrocesso na vida social da vila e um forte aA Província de Mato Grosso, isolada do contato com os países platinos, uma vez que a navegação fluvial mantinha-se fechada, voltou a ligar-se com São Paulo por estrada de terra, que atravessava os estados de Minas Gerais e Goiás.
Por mais de dois anos Corumbá permaneceu sob a ocupação paraguaia. Porém, no dia 13 de junho de 1867, um contingente militar comandado pelo tenente-coronel Antônio Maria Coelho, tomou de surpresa a vila e a retomou das mãos paraguaias, possibilitando, a partir de então, a volta dos vapores da Companhia de Navegação a Vapor do Alto Paraguai, logo substituída pela Companhia de Navegação a Vapor.
Augusto César Proença