A Coreia do Sul investiga as causas do afundamento após a explosão de um navio de guerra perto da disputada fronteira com o Norte, que deixou 46 marinheiros desaparecidos e forçou a convocação urgente do comitê de segurança nacional. Cauteloso, o governo sulcoreano ainda não culpou o regime comunista pelo ocorrido, mas deixou todas as possibilidades em aberto. Segundo a agência de notícias local Yonhap, a junta de chefes do Estado-Maior pediu muita calma antes de apontar a Coreia do Norte ou qualquer outro país como responsável. A embarcação “Cheonan”, de 1.200 toneladas e que tinha 104 tripulantes a bordo, afundou por volta das 22h de sexta-feira (10h, Brasília) no Mar Amarelo (Mar Ocidental). Em 1999, 2002 e 2009, ali ocorreram enfrentamentos armados das duas Coreias, com várias vítimas. No navio sul-coreano, que fazia uma patrulha de rotina, aconteceu uma explosão que fez um buraco no casco e causou o afundamento, o que, em princípio, lançou suspeitas de um ataque com torpedo procedente de uma embarcação da Coreia do Norte. Ainda sem descartar tal possibilidade, militares sulcoreanos reiteraram ontem que não há registro nos radares de nenhuma atividade especial e que o incidente pode ter sido provocado por um choque contra uma rocha ou uma mina, ou pela explosão acidental do material que transportava. No primeiro momento, informou- se que outra embarcação abriu fogo na zona contra o que pensava ser navio não identificado, mas o Estado- Maior sul-coreano explicou depois que os radares demonstraram que o objeto era, na verdade, um bando de pássaros. Fontes oficiais sul-coreanas citadas pela Yonhap disseram que existem poucas probabilidades de se tratar de um ataque da Coreia do Norte, pois o “Chenoan” não estava perto o suficiente da fronteira para ser alcançado por um navio do Norte. Dos tripulantes, 58 foram resgatados, entre eles o capitão do navio. Várias embarcações e helicópteros continuavam ontem a busca por 46 desaparecidos, num mar com fortes correntes que dificultam o trabalho dos mergulhadores. A Marinha da Coreia do Sul tem a intenção de recuperar o “Cheonan”, que começou a operar em 1989 e era equipado com mísseis e torpedos, para determinar se o navio naufragou ou foi afundado, embora o processo possa se estender por 20 dias, ainda de acordo com a Yonhap. O incidente ainda não explicado acontece num momento de forte tensão na península coreana, devido a recentes exercícios militares entre Coreia do Sul e EUA considerados uma provocação pelo regime comunista do Norte. Além disso, o Mar Amarelo, onde se encontra a disputada fronteira das duas Coreias traçada pela ONU (não reconhecida por Pyongyang), foi frequente cenário de tensões entre navios de ambos os países, o último deles no final de 2009.