DÉBORA ALVES, especial para Correio do Estado
Há quase 50 dias sem chuvas, as represas do Guariroba e Lageado, em Campo Grande, estão com o volume de água abaixo de suas capacidades. O consumo de água na Capital aumentou em média 15% se comparado o mês de agosto deste ano com a média registrada nos últimos onze meses. Em alguns dias de pico, como no último sábado, o aumento chegou a 40%, conforme o gerente de engenharia da empresa concessionária Águas Guariroba, José Ailton Rodrigues.
Em 2007, Campo Grande registrou a maior estiagem da história, quando ficou 98 dias sem chuva e muitos bairros ficaram sem água. Para não ocorrer novamente o desabastecimento, o ideal seria que a população fizesse o uso racional da água. Em Campo Grande, cada habitante consome em média 150 litros de água por dia. Setenta por cento é utilizada no banheiro, 10% na cozinha, 10% na área de serviço (lavanderia) e 10% na área externa da casa.
Com tanta poeira causada pelo tempo seco o difícil é convencer as donas de casa a não utilizarem a mangueira para limpar a casa e varrer as calçadas. Josefa Conceição de Araújo trabalha como empregada doméstica numa residência no Bairro Monte Líbano. Para ela, a mangueira é uma ferramenta essencial no trabalho do dia a dia. “Limpo todo o quintal, a frente da casa, a calçada e aproveito para molhar as plantas, tudo com a mangueira”, afirmou.
Bairros
Nos bairros mais populares o consumo aumenta nos fins de semana quando as famílias estão em casa e utilizam a água para fazer faxina e lavar roupa. De acordo com o gerente de operações da empresa, Josélio Alves Raymundo, nas regiões nobres o perfil é diferente. O consumo maior costuma ser de segunda a sexta-feira. “Até porque, quem tem poder aquisitivo maior tem mais coisas como piscina, grandes dormitórios, então, necessariamente, vão utilizar mais água”, explicou.
Campanha
Como alternativa de uso racional, a Ong SOS Mata Atlântica lançou a campanha Xixi no Banho. A proposta é que a população aproveite a ducha para fazer xixi, ao invés de usar o vaso sanitário. O argumento é forte. Cada descarga gasta em média 12 litros de água, que ao final do ano somam mais de 4,3 mil litros. De acordo com a entidade, é no banheiro que mais da metade da água potável é utilizada, tanto na pia quanto no chuveiro e no vaso sanitário onde passar horas no banho e escovar os dentes com a torneira aberta são hábitos tão enraizados na cultura do brasileiro que dificilmente alguém, espontaneamente, se preocupa em tomar atitudes que possam contribuir para o uso racional.
Depois de descobrir um vazamento na residência e ser obrigado a pagar multa de R$ 1,2 mil, o representante comercial Eduardo Cabral tomou algumas atitudes para reduzir o consumo. Trocou as torneiras dos quartos das crianças por torneiras automáticas, orientou a empregada a lavar a roupa uma vez por semana e, ainda, reaproveitar a água da lavagem para limpar o quintal. “Hoje, pago em média R$ 50 por mês de água, investimentos que no final das contas valeram a pena”, concluiu.