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Conscientização e comportamento

Conscientização e comportamento

Redação

05/06/2010 - 20h40
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Todos nós reclamamos e nos sentimos no direito de criticar tudo e todos, principalmente quando estamos em meio às rodas de bate-papo. No dia a dia somos pegos a todo instante falando e ensinando o certo, o correto, o que tem que ser, como tem que ser e muito mais. Faz parte da cultura do ser humano, mas, principalmente do brasileiro, de se achar o mais esperto, o mais "descolado", o malandro do bem.

Afinal, quem nunca se utilizou de uma pequena "malandragem" para levar vantagem em alguma situação?

Em uma cultura onde a educação é, de longe, a menos privilegiada pelo poder público, como educarmos nossos filhos em um mundo socialmente desigual e mais ainda, em uma sociedade que preza a ascensão social e financeira à qualquer custo?

No pacote de apresentação do ser humano, a honestidade passou a ser uma ferramenta de qualidade de marketing pessoal, mas, principalmente, um item subjetivo na vida das pessoas, ou seja, não importa o que esteja fazendo, mas, se não está prejudicando alguém (diretamente), não tem problema. Vira e mexe nos deparamos com a famosa frase: Ele rouba, mas, faz!, ou seja, ele é desonesto, mas, ajuda, faz alguma coisa pelo bem social, pela comunidade, pelo povo, etc.

Me atrevendo à uma reflexão mais simplista, o que muitos gostariam e poucos buscam deveria ser uma interação pura e verdadeira entre a conscientização e o comportamento das pessoas, seja na política, na vida social, na educação e assim por diante.

Por muitas vezes, ao nos depararmos com situações desconfortáveis, como motoristas parados em fila dupla, isso incomoda muito, atrapalha o fluxo do trânsito, reclamamos! No entanto, logo à frente, somos nós que estamos parados em fila dupla, ou seja, quando as más atitudes partem de outros nos sentimos agredidos em nossos direitos, porém, quando somos nós que cometemos infrações, por menor que seja, achamos normal.

Essa é a diferença entre conscientização e comportamento, por muitas vezes, somos ou ficamos conscientes dos atos que não se devem cometer, em contrapartida, não nos comportamos condizentemente com nossa conscientização. Vemos a todo instante um motorista ocupar uma vaga destinada a pessoas com deficiência sem ter qualquer deficiência, na maioria das vezes, dizem: é só por um minutinho! Quer dizer que o motorista tem a consciência, mas, não aplica o comportamento condizente ao seu dia a dia.

Todos têm consciência de que não se pode dirigir alcoolizado, mas, não põe em prática o comportamento correto, no entanto, ao se envolver em algum acidente onde a outra parte se encontra alcoolizado, pronto, se enche de razão, mas, se esquece que comete o mesmo erro, só deu a sorte de não se envolver em acidente.

Mudando o foco para nossos políticos, alguém tem dúvidas de que eles além de conscientes, efetivamente, praticam o comportamento?

É verdade, todos sabem sobre o mal que a corrupção causa à sociedade, no entanto, muitos cometem este comportamento repulsivo. Todos sabem que desviar verbas da saúde é, além de crime, um comportamento desumano, mas, muitos cometem tal comportamento.

Este ano temos eleições, todos sabem que candidatos necessitam de votos, todos têm essa consciência, e depois de eleitos? Se comportam como legítimos representantes do nosso voto?

Isso nos mostra que consciência e comportamento deveriam, obrigatoriamente, caminhar juntos em nossas vidas. De nada adianta termos consciência e não nos comportarmos condizentemente, fazendo a integração dessas duas características.

A necessidade de mudarmos nossos hábitos torna-se um desafio constante e diário em nossas vidas, de nada adianta termos a tal da conscientização se não nos comportarmos para colocar em prática essa consciência.

Vejam algumas situações antagônicas que cometemos no dia a dia:

Cobramos educação, mas, não a colocamos em prática;

Culpamos a cultura, mas, sabemos que não é conveniente agir de forma diferente à cultura que aí está;

Subornamos e somos subornados quando nos pegam cometendo infrações de trânsito;

Falamos ao celular quando estamos dirigindo, mesmo sabendo que estamos correndo riscos e colocando outros em risco;

Votamos em candidatos que, sabidamente, compram votos;

Os cidadãos saqueiam cargas em acidentes, no entanto, não veem esta atitude como roubo.

Enfim, acho que temos consciência o bastante para discernirmos entre o certo e o errado, mas, não nos comportamos puramente entre o certo e o errado, nos comportamos entre a conivência e a conveniência, diante destes deslizes de comportamento temos a consciência de vivermos em um País muito rico, em que a riqueza é distribuída entre meias, cuecas e sacolas.

Infelizmente temos um tipo de consciência na vantagem e um comportamento na desvantagem ou o contrário.

Nas próximas eleições vamos ser mais conscientes e nos comportarmos com inteligência diante das urnas. Quem sabe assim, teremos um mundo um pouco melhor.

Adriano Garcia - Méd. Veterinário, cadeirante e cidadão – [email protected]

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Comissão vai analisar pedido de anistia coletivo dos povos indígenas Guarani e Kaiowa de Caarapó

Violações praticadas pelo governo brasileiro aos indígenas no período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade

27/03/2024 17h00

Arquivo/Correio do Estado

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A Comissão de Anistia irá analisar, em sessão histórica o pedido de anistia coletivo dos povos Guarani Kaiowa, da comunidade indígena Guyraroká, protocolado pelo Ministério Público Federal (MPF) em 31 de agosto de 2015.

Esta será a primeira sessão promovida pelo órgão, criado em 2002, e atualmente vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, para analisar eventual reparação a indígenas que tiveram os direitos humanos violados durante o período da ditadura militar no Brasil, entre 1947 e 1980.

A sessão de apreciação dos pedidos ocorrerá às 8 horas (horário de MS) no próximo dia 2 de abril, no Auditório do MDHC, em Brasília (DF). O procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida, que subscreve o requerimento, representará o MPF.

Além da comunidade indígena Guyraroká, localizada no município de Caarapó (MS), a cerca de 275 quilômetros de Campo Grande, também serão analisados durante a sessão os pedidos de anistia relacionados aos povos Krenak, de Minas Gerais.

Como o primeiro pedido foi protocolado há quase uma década, o MPF promoveu recentes reuniões com lideranças da aldeia Guyraroká, no intuito de debater e atualizar o documento contendo os requerimentos coletivos, cujo teor será apresentado durante o ato no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Retirada do território

Políticas federais de povoamento do país, implementadas durante o período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai, levaram agentes estatais a promover traslados compulsórios dos indígenas de Guyraroká, provocando mortes e profunda desintegração dos modos de vida destes povos tradicionais.

O propósito era retirar os indígenas das vastas áreas por eles ocupadas segundo os seus modos tradicionais e confiná-los em espaços exíguos definidos unilateralmente pelo poder público. As terras ocupadas anteriormente por eles foram liberadas à ocupação de terceiros, que tiveram a posse dos terrenos legitimada por títulos de propriedade.

Estas violações praticadas à época pelo governo brasileiro aos indígenas de Mato Grosso do Sul foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), que esteve em Dourados e ouviu integrantes da comunidade Guyraroká sobre o processo de confinamento territorial que sofreram. Estima-se que mais de 8.300 indígenas foram mortos no período em decorrência da ação estatal ou da omissão do governo brasileiro.

Repercussões das violações

Após anos longe do território, aos poucos, os indígenas buscaram ocupar Guyraroká, num processo que começou em 2004, iniciando pela ocupação da faixa de domínio da rodovia estadual que ladeia a terra indígena (MS-156) e posteriormente ocupando uma parcela do perímetro declarado – 65 de um total de 11 mil hectares.

O MPF destaca, no pedido de anistia, que a principal atividade econômica desenvolvida pelos indígenas Kaiowa é a agricultura e, quando retirados do seu território forçadamente pelo governo brasileiro, ficaram completamente desprovidos do exercício de todas as suas atividades econômicas, merecendo a reparação.

Além disso, a desintegração do grupo e a ausência de acesso ao território tradicional, somada à extrema miséria, provocaram um número significativo de mortes por suicídio na comunidade. Em um grupo de 82 pessoas, registrou-se um caso de suicídio por ano entre 2004 e 2010.

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Prefeita prevê conclusão das obras de saneamento básico na Homex em 60 dias

Segundo a Águas Guariroba, as obras iniciaram há 10 dias e até o momento foram instalados 3,5 km de rede de esgoto.

27/03/2024 16h45

Fotos: Gerson Oliveira

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Após anos de luta, cerca de 1,5 mil famílias que residem na comunidade Homex, localizada no Jardim Centro-Oeste, em Campo Grande, terão acesso ao sistema de saneamento básico de água e esgoto. A prefeita Adriane Lopes (PP) e o presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, realizaram uma visita técnica para inspecionar o andamento das obras iniciadas há dez dias. Segundo o cronograma, a previsão de conclusão é de 60 dias. 

Até o momento, foram instalados 3,5 km de rede de esgoto na Comunidade do Homex. O investimento, proveniente de uma parceria público-privada com a concessionária Águas Guariroba, é de aproximadamente R$8 milhões

De acordo com o diretor executivo das Águas Guariroba, Gabriel Brum, foram instalados 8,7 quilômetros de rede de água e outros 12 km de rede de esgoto na comunidade. 

"Esta é uma obra bem complexa por causa de diversas instalações que acabamos encontrando debaixo das casas. Infelizmente agora é uma dor de cabeça aos moradores, mas em breve será de muita alegria, porque o nosso objetivo é terminar em 60 dias",  relatou ao Correio do Estado.  

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A prefeita Adriane Lopes destacou que o saneamento básico é fundamental para a qualidade de vida das pessoas. Ela ainda ressaltou que a disponibilidade de água tratada nas torneiras irá reduzir as filas nas unidades de saúde e, consequentemente, promover o bem-estar dos moradores

"Estamos avançando nessa obra de grande importância para a comunidade. São mais de 1,5 mil famílias, e cerca de 5 mil pessoas que terão saneamento que é vida", afirmou. 

Durante a apresentação do mapa das obras para a imprensa, o diretor-presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, anunciou que, no primeiro mês após a instalação, não será cobrada tarifa de água e esgoto dos moradores.

"Além de não pagarem água e esgoto no primeiro mês, as famílias serão cadastradas na tarifa social. Vamos passar pela comunidade ensinando as famílias a consumir a água", explica Themis Oliveira.


Qualidade de vida 

Observando de longe o trabalho dos funcionários da Águas Guariroba, Clair Lopes, de anos, é residente da Comunidade do Homex há 8 anos, tentava entender o que estava acontecendo. Após a imprensa relatar que seria instalada uma rede de esgoto e água, ela ficou extremamente animada com a expectativa de ter água limpa na torneira. Junto com ela, moram quatro pessoas: seu marido, seu filho e uma filha que está grávida. 

"Nossa, que alegria ouvir isso. Será uma benção, é tudo que a gente queria, ter água limpa em casa. Meus netos todos já tiveram diarreia e agora vamos ter uma água boa para nós consumir", relatou.

Clair ainda expressou sua ansiedade por poder tomar um banho demorado, já que a família atualmente precisa se banhar com baldes.

"Não vejo a hora de poder tomar banho de verdade, ninguém merece ter que usar baldinho", relatou Clair.

 

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