anahi zurutuza
Para suportar a estiagem — que já dura mais de 50 dias em Campo Grande e quase 90 na região norte do Estado — e as altas temperaturas que atingem os municípios do Estado, o jeito mesmo é apelar para o sorvete, água bem gelada, uma boa garapa ou a água de coco. Em Campo Grande, sorveterias e revendedores de água mineral afirmam estar faturando o dobro com a venda dos produtos. A procura, em alguns estabelecimentos, chegou a triplicar na última semana, fase mais “crítica” da seca, já que os termômetros têm marcado para a Capital temperaturas acima dos 30 graus e umidade tem ficado abaixo dos 20%.
A atendente Bárbara Cardoso, 27, da sorveteria Delícias do Cerrado, da Rua Barão do Rio Branco, disse que o movimento aumentou muito nos últimos dias. “Não sei quantos picolés a gente estava vendendo por dia, mas antes de estar esse calor todo a gente abastecia o freezer uma vez por dia. Agora, temos que repor os sorvetes de três a quatro vezes durante o expediente”.
Para o aposentado João Alves Sobrinho, 82 anos, o tempo seco e o calor são sinônimos de dinheiro extra no fim do mês. Ele vende sorvetes da marca Du Bom, refrigerante e água mineral, na Praça Ary Coelho, centro da Capital, e afirma estar “sorrindo à toa” por conta do faturamento de agosto. “Estou vendendo (a R$ 1) até 160 potinhos de sorvete por dia e umas 50 garrafinhas de água. Se o tempo não estivesse assim, só conseguiria vender, no dia todo, a metade disso”.
A operadora de telemarketing, Fabiana Alves, 30 anos, considera importante tomar bastante água para enfrentar a baixa umidade do ar. “Esses dias atrás estava de licença médica, porque minha garganta não estava mais suportando o tempo seco. A gente que trabalha com a voz não pode descuidar de jeito nenhum. Eu estou sempre com uma garrafa d’água na mão”.
Daniel Pinheiro, 54 anos, relata que há um ano afirma que resolveu investir na venda de água de coco, mas só no último mês conseguiu obter o retorno financeiro que esperava. Ele também trabalha na Praça Ary Coelho. “Ontem (segunda-feira), às 14h os dois sacos de cocos que eu trouxe já tinham acabado. O fornecedor também não tinha mais para trazer, então, tive de ir embora.
O professor Walfrido Martins, 64 anos, não dispensa a água de coco e diz tomar pelo menos um copo todos os dias. “Faz bem para o corpo e repõe os nutrientes que a gente perde com o suor. A água de coco hidrata mais do que a água normal, por isso, com esse calor, não deixo de tomar”.
Meteorologia
Campo Grande registrou a mais alta temperatura do ano na tarde de segunda-feira (30), quando os termômetros chegaram aos 37,5 graus. A umidade relativa do ar estava em índice considerado emergencial, 11%. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera ideal umidade acima dos 30%.
Ontem, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a umidade ficou em 20% nos municípios das regiões sul, norte e centro de Mato Grosso do Sul. Já as cidades do sudoeste, leste e oeste enfrentaram índices abaixo de 15%. Em Campo Grande, às 11h de ontem, os termômetros marcavam 30 graus e a umidade estava em 27%.
A previsão é de chuva somente para o fim de setembro para todo o Estado. Até sexta-feira, conforme prevê o Inmet, na Capital, temperaturas oscilam entre 22 e 35 graus e a umidade não passa dos 25%.