23 JAN 10 - 07h:57ADRIANA MOLINA E ROSANA SIQUEIRA
As chuvas, que têm afetado
todo Mato Grosso do Sul e
levado vários municípios a decretarem
situação de emergência,
agora ameaça atrapalhar a
colheita da soja na região sul
do Estado e também no Norte,
na divisa com o estado de
Goiás.
Em Maracaju – um dos
maiores produtores do grão
no Estado, o prefeito da cidade,
Celso Vargas, pediu ontem,
pela manhã, o apoio do Governo
do Estado para conseguir
resolver a situação de mais de
200 mil hectares de lavoura,
que podem ficar comprometidos
nas próximas semanas.
Além do risco de atraso na
colheita pelo excesso de água,
de acordo com Vargas, as estradas
vicinais, utilizadas para
o escoamento da produção,
estão em péssimas condições.
“Temos mais de três mil quilômetros
de estradas e grande
parte está muito ruim. Não temos
condições e precisamos
da ajuda do governo para resolver
essa situação”, disse.
O apoio solicitado pelo
prefeito foi para o envio de
maquinários e pessoal para
a reforma de pontos críticos
das principais vicinais utilizadas
pela safra. São estradas
de chão, tomadas por buracos
e com trânsito difícil para caminhões
pesados.
Região Norte
A falta de luminosidade,
por conta das intensas precipitações
pluviométricas, antecipou
a colheita da soja em
fazendas situadas no município
de Costa Rica (MS), divisa
com Chapadão do Céu (GO). É
o caso da Fazenda Sucuriú, de
propriedade do produtor rural
Eduardo Pagnoncelli Peixoto,
onde foram plantados 2,4 mil
hectares da oleaginosa. No local,
ele diz que as chuvas provocaram
o adiantamento do
ciclo da cultura e a colheita já
começou. “Mas as condições
do clima estão atrapalhando
muito trabalho”, frisa.
Assim como nos demais
municípios de MS, as chuvas
também destruiram as estradas
da região, prejudicando
o escoamento dos grãos. “A
estrada que passa dentro do
Parque Nacional das Emas,
está intransitável”, reclama
Peixoto.
Mais chuvas
Segundo o meteorologista
Nathálio Abraão, os produtores
de soja de Maracaju devem
sofrer ainda mais com o excesso
de chuvas nas próximas
semanas. A previsão é de que
elas continuem até o final do
mês de fevereiro – o que pode
atrasar ainda mais a colheita
do grão.
“Teremos naquela região
poucos períodos de estiagem,
que reduzirão o volume de
água, mas as chuvas continuam
durante todo o mês”,
afirma. A estimativa é de que
em fevereiro chova cerca de
160 milímetros. Neste mês, o
volume já chega aos 180 milímetros
no município.
Trafegabilidade?
Segundo informações da
Secretaria de Obras do Governo,
o Estado garante que está
mantendo as condições de
trafegabilidade das estradas,
e considera que a chuva é boa
para o Estado, pois trará um
aumento de 20% na produção
de grãos neste ano.
As equipes da secretaria e
da Agência Estadual de Gestão
de Empreendimentos (Agesul)
têm percorrido o interior de
Mato Grosso do Sul para pontuar
cada uma das intervenções
causadas pelas chuvas, e
já foram realizadas reuniões
com produtores na Grande
Dourados, na região do Bolsão
e em Novo Horizonte do Sul.
De acordo com a Secretaria
de Obras, estão sendo levantadas
as informações, dimensionados
os pontos críticos para
buscar auxiliar a população e
as prefeituras.
Segundo o Governo, os
produtores devem se ater à
necessidade da implantação
de curvas de nível em suas
propriedades, prática da agricultura
que diminui o impacto
da enxurrada, aumentando
a infiltração da água no solo,
evitando erosões.
O Governo ainda alerta para
o excesso de peso em caminhões
que fazem o transporte
da produção. Segundo levantamento
da secretaria são cerca
de 150 pontes de madeira
destruídas em todo o território
sul-mato-grossense, tanto
pelas chuvas, quanto pelo aumento
da capacidade de carga
dos veículos motorizados para
transporte de grãos, animais,
insumos, equipamentos agrícolas
e maquinários.
Estima-se que o Governo
estadual deverá investir cerca
de R$ 10 milhões em ações
emergenciais de restabelecimento
de tráfego nas rodovias
estaduais.