Sem concorrência, apenas duas empresas, a Nutrir Alimentos e a JBS S.A., apresentaram propostas para venda de produtos da merenda escolar da Rede Municipal de Ensino (Reme), entre eles carne de avestruz e de boi orgânico. Cada empresa apresentou orçamentos para lotes diferentes e, portanto, houve apenas um lance válido, o que deixou o valor global final, de R$ 1,23 milhão, apenas 5,5% menor do que o previsto inicialmente, que era R$ 1,303 milhão. A Nutrir venceu nos lotes 1 e 2 e a JBS, no 3. Uma terceira fornecedora, a Mit Indústria de Carnes, foi desclassificada e afirmou que entrará com recurso contra a decisão. O pregão presencial aconteceu na manhã de ontem, no Paço Municipal. A comissão de licitação alegou falta do registro do Ministério da Agricultura e Abastecimento no rótulo da embalagem apresentada pela Mit. O advogado da empresa, José Varlos Vinhas, explicou que houve questionamento sobre a exigência de proposta única para dois itens, no caso carne de frango e polpa de peixe, que faziam parte do lote 1. “Os dois itens fazem parte de um único lote e não concordamos com isso”, afirmou. Lances No lote 1, a Prefeitura de Campo Grande comprará 15 mil quilos de polpa de peixe congelada e 33 mil quilos de coxa e sobrecoxa de frango. O valor orçado era de R$ 341.850,00. Neste item, com a Mit desclassificada, apenas a Nutrir deu lance, que ficou em R$ 310.000, queda de 9,3%. Os 33 mil quilos de salsicha de frango congelada e a mesma quantidade de carne de avestruz moída e congelada fazem parte do lote 2. O preço do quilo avaliado pelo poder público foi de R$ 5,55 e R$ 9,85, respectivamente, em um total de R$ 508.200,00. Novamente, apenas a Nutrir apresentou oferta e o preço final foi de R$ 470.000,00, deságio de 7,5%. O ú lt imo lote prevê a aquisição de 55 mil quilos de carne bovina orgânica moída e congelada, a um custo previsto de R$ 8,25 por quilo, totalizando R$ 453.750,00. A JBS S.A. foi a única que manifestou interesse no item e deu lance de R$ 452.000,00. Com essa proposta, o preço do quilo caiu apenas R$ 0,04 e o percentual da queda foi de 0,3%. Os recursos devem ser apresentados em dois dias e, após avaliação da comissão de licitação, o resultado deverá ser homologado pelo prefeito Nelsinho Trad. Merenda A compra dos complementos da alimentação dos alunos da rede municipal gera polêmica por incluir produtos considerados caros e que não fazem parte do cardápio diário dos estudantes. A carne de segunda, por exemplo, pode ser adquirida a uma média de R$ 5 nos açougues. Outro ponto que está sendo questionado é a forma com que a licitação foi feita. De acordo com o presidente do Conselho de Alimentação Escolar do Município, Amarildo Sanches da Silva, a entidade não foi chamada para opinar sobre a compra. “O que houve foi que, no ano passado, foi feito um teste de aceitabilidade com a carne de avestruz com alunos da Escola Municipal Castelo Branco. Mas a quantidade de alunos é muito pequena em comparação ao universo de alunos e o modo de preparo de quantidades maiores de alimentos é diferente”, alertou. Amarildo citou, por exemplo, o problema com a polpa de peixe. “Há rejeição muito grande dos alunos. Tanto é que no ano passado foi feito um concurso de receitas com o produto, para tentar achar uma que as crianças gostassem”. Os produtos adquiridos devem ser consumidos por estudantes de 62 escolas municipais. As outras 24 escolas da rede têm alimentação terceirizada e a compra dos produtos é feita pela empresa.