O envolvimento do prefeito
de Dourados, Ari Artuzi
(PDT), com a família Uemura
começou em julho de 2008,
antes mesmo de o pedetista
ser eleito para administrar a
segunda maior cidade do Estado.
Sizuo e Eduardo Uemura
“comandaram e financiaram”
a campanha de Artuzi
para a prefeitura, conforme
a denúncia do Ministério Público
entregue na sexta-feira
passada ao Tribunal de Justiça.
O primeiro encontro registrado
pela Polícia Federal, de
Ari Artuzi com Sizuo Uemura
aconteceu em 30 de julho de
2008. Uemura ligou para Artuzi
ir ao seu escritório. Eles
encontraram-se 20 minutos
depois. A Polícia Federal fotografou
a visita do pedetista
saindo da Pax Primavera, empresa
de Uemura.
Em 18 de setembro, a presidente
do comitê financeiro
da campanha de Artuzi, Maria
Luna, telefonou para Sizuo
e pediu o adiantamento
de R$ 25 mil para custear a
campanha eleitoral. No dia
seguinte, depois de passar na
Pax Primavera, foi abordada
pela Polícia Federal, que encontrou
com ela R$ 10 mil.
“Depreende-se das mencionadas
conversas (gravadas
pela PF) e dos registros fotográficos
que esse dinheiro
era parte do que Sizuo prometeu
entregar a Artuzi para
investir em sua campanha”,
conclui o Ministério Público
Estadual.
Em 3 de novembro, Maria
Luna foi novamente à Pax
Primavera. Dessa vez, para
tratar com Sizuo das notas
fiscais de combustível que o
empresário adquiriu, no Posto
Gaúcho IV, para a campanha
de Artuzi. Logo depois da
reunião, Sizuo telefonou para
o dono do posto e pediu a ele
a emissão de notas fiscais de
compra de combustível no
valor de R$ 10 mil.
Quando a Polícia Federal
deflagrou a Operação Owari,
em 7 de julho do ano passado,
apreendeu um recibo, preenchido
em nome de Artuzi, no
valor de R$ 25 mil, datado de
8 de agosto de 2008 – dois
meses antes das eleições. O
documento estava no escritório
financeiro da família
Uemura. No local, também
foram encontradas duas folhas
de caderno com movimentações
financeiras dos
Uemura. Na primeira, constava
o nome de Artuzi e ao lado
a quantia de R$ 100 mil. Na
outra, constava o nome do vice-
prefeito Carlinhos Cantor
(PR) e ao lado a quantia de R$
5.250,00.
“Tais fatos demonstram
que os Uemura comandaram
e financiaram a campanha de
Ari Artuzi para a Prefeitura
de Dourados, formando entre
os denunciados mais do que
uma quadrilha, uma verdadeira
organização criminosa”,
acusa o Ministério Público.
“E mais. Ficou claro o ajuste
entre eles, no sentido de que,
uma vez Ari Artuzi içado ao
poder, passariam a conduzir
a administração pública municipal
em conjunto, como se
esta fora uma empresa particular
dos Uemura”.
Na prestação de contas de
campanha de Artuzi consta a
doação de R$ 35,6 mil de uma
das empresas dos Uemura, a
Via Sul Veículos.
O prefeito nega participação
nos crimes apontados
pelo Ministério Público. Até
a noite de ontem, a denúncia
ainda não havia sido distribuída
a um dos desembargadores
nem constava no site do
Tribunal de Justiça.