MICHELLE ROSSI
O Residencial Lídia Baís, no Bairro Morada Verde – saída para Cuiabá vem registrando vários casos de morte de cães e gatos, com requintes de crueldade, por envenenamento ou com pauladas. Segundo os moradores, são dezenas de mortes registradas desde o ano passado. O caso mais recente foi de um cão, morto no começo deste mês. “Não deu nem tempo de levarmos o bicho ao veterinário. Foi horrível, ele morreu envenenado”, disse a proprietária, que não quis se identificar com medo de que seus outros animais sejam mortos.
Segundo outra moradora do residencial, que também não quer identificar-se, há pessoas no local que se autodeclaram contra a presença de cães e gatos na vizinhança. “Há gente aqui que não tem medo nenhum de dizer que vai matar nossos bichos. Já faz tempo que isso vem acontecendo. Nós não aguentamos mais”, relatou a mulher, que também perdeu um cão morto a pauladas.
Segundo as moradoras, o residencial é formado por casas e a presença de animais domésticos é permitida. Até o momento nenhum boletim de ocorrência foi registrado. “Estamos reunindo provas, vamos fazer o boletim”, citou uma das moradoras.
Noutro bairro da cidade, no Jardim Oracília – saída para Rochedo, a mesma situação se repete. Em menos de 15 dias, dois cães da telefonista Auxiliadora Souza da Silva foram envenenados. “É de dar dó, a situação é terrível porque o bichinho fica se esperneando, babando sangue e a gente assistindo tudo aquilo”, relata sobre a morte dolorosa dos animais.
Auxiliadora não faz ideia de quem seja o matador dos cães de sua casa. O primeiro a morrer foi um cão que estava na família há anos. De porte médio, não dava trabalho e latia como um cachorro normal. Numa madrugada, a família de Auxiliadora acordou com os gemidos do cachorro. “Quando fomos ver, ele estava correndo de um lado para outro, desesperado. Em poucos minutos, morreu”, conta. Depois de alguns dias, a família pegou outro cão e novamente o envenenamento. “Estamos sem saber o que está acontecendo”, disse Auxiliadora, que também vai registrar boletim de ocorrência.
Boletim de ocorrência
O delegado Fernando Vila de Paula, titular da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Ambientais e de Proteção ao Turista (Decat), que recebe denúncias de crimes de maus-tratos contra animais domésticos e selvagens, informa que as situações de envenenamento de animais não devem ser toleradas e podem ser denunciadas. Ao ser registrado um boletim de ocorrência, uma investigação será aberta e o responsável – ou responsáveis – pelo envenenamento, quando identificados, serão penalizados. “A pena pode ser até o pagamento de cestas básicas, mas a pessoa deixa de ser réu primário para a polícia”, aponta.
A recomendação policial é de que a pessoa leve alguma prova sobre o envenenamento, como, por exemplo, um laudo do veterinário. “As pessoas às vezes pensam que é necessário ter um laudo com autópsia, mas basta um atestado do médico veterinário com análise clínica do animal, onde esteja citada a morte por envenenamento, para que seja aberta uma investigação”, explica o delegado.
Se a pessoa tiver mais provas ou puder apontar um suspeito é interessante que o faça quando for registrar um boletim. Para isso, converse com os vizinhos para saber se houve mais casos na região e se as pessoas suspeitam de alguém. Dirija-se, então, à Decat (ver endereço, telefone e site, no serviço) para lavrar o boletim. O mesmo acontece com casos de animais mortos a pauladas: quanto mais informações forem levadas à delegacia, mais rápido o responsável será penalizado.
Se quiser, o denunciante poderá ficar no anonimato. A pena para este crime poderá ser a doação de cestas básicas ou prestação de serviços comunitários. Mas, atenção. Se houver reincidência, o processo deverá ser transformado em inquérito policial (com geração de ficha criminal) e a pena é ampliada: de 3 meses a 1 ano de prisão, mais multa, com valor determinado pelo juiz. (MR)