É quase unanimidade: Bruna Furlan (PSDB) é uma bela parlamentar. A paulista de 27 anos, quarta deputada federal mais votada de São Paulo (décima em todo o país, com 270.611 votos), acomoda sua beleza no mesmo recinto em que outra deputada-musa o fazia em Brasília, em legislaturas anteriores: o gabinete 836 da Câmara dos Deputados, usado em cinco mandatos por Rita Camata, que não conseguiu se eleger senadora pelo PSDB do Espírito Santo.
Mas Bruna diz que o rótulo de beldade também atribuído à “musa da Constituinte”, como Rita era costumeiramente chamada, não tem a menor importância. “Quero ser conhecida pelo meu trabalho. O que é bonito para um não é para outro, então eu procuro não me apegar à questão da vaidade”, sentenciou a tucana, formada em Direito e diretora da Associação dos Amigos de Crianças com Deficiências Físicas e Mentais (AACD). O amparo às pessoas com necessidades especiais será o eixo da atuação parlamentar de Bruna.
Há ainda outro detalhe curioso: há dez anos, o gabinete havia sido ocupado pelo pai de Bruna, Rubens Furlan, hoje prefeito de Barueri (SP). “Fizemos um requerimento, não houve objeção e a gente conseguiu [ocupar o gabinete]. O que me deixa muito feliz, porque eu trilhei os caminhos por onde meu pai passou, e isso me dá muita honra”, declarou Bruna, que demonstra a fidelidade à tradição política da família em vídeo postado no Youtube, à época da campanha eleitoral. “Eu costumo dizer que respiro política porque meu pai exala política.”
Se ainda não pode se gabar da experiência, Bruna Furlan transpira o entusiasmo típico dos mais jovens. “Estou muito entusiasmada, vim preparada para representar meu estado, minha região. Fui conduzida ao Congresso Nacional por 270.611 votos, o que me faz sentir muito responsável”, discursou Bruna.
Bruna falou à reportagem no dia em que estreou no tapete verde da Câmara, em 1º de fevereiro, no dia da posse e da eleição para a Presidência da Casa. A deputada ainda teria de registrar seu voto no sistema eletrônico de votação, mas, gentilmente, deixou o plenário para conceder a entrevista ao site. “Para mim é tudo novo. Sei que tenho muito a aprender, mas estou muito empenhada em me dedicar ao máximo à atividade parlamentar”, destacou a deputada, inspirada em compor a Frente Parlamentar Evangélica e sentindo-se à vontade na nova fase. “Para mim, é um clima familiar, porque eu sempre vivi este ambiente.”
Confira os principais trechos da entrevista:
A senhora é uma das mais jovens parlamentares da atual legislatura. Sente-se preparada para o Parlamento?
Estou muito entusiasmada, vim preparada para representar meu estado, minha região. Fui conduzida ao Congresso Nacional por 270.611 votos, o que me faz sentir muito responsável. Para mim é tudo novo. Sei que tenho muito a aprender, mas estou muito empenhada em me dedicar ao máximo à atividade parlamentar.
Como é para a senhora chegar ao Legislativo no momento inédito em que o Executivo é chefiado por uma mulher?
A participação da mulher em todas as esferas da sociedade é muito importante. Nós estamos em uma crescente, haja vista que Dilma [Rousseff] foi eleita a primeira presidente mulher. A sensibilidade da mulher na política também é muito importante – o olhar mais cuidadoso, mais atencioso. E eu acho que isso tende a aumentar cada vez mais não só na política, mas em todas as esferas.
Na década de 1980, havia um olhar desconfiado dos parlamentares em relação à então deputada Rita Camata. Houve uma certa banalização da presença dela, considerada a “musa da Constituinte”, justamente em razão de sua beleza. A senhora teme também ser rotulada como musa e passar por isso? Como lidará com essa situação, caso ela venha a ocorrer?
Eu quero ser conhecida pelo meu trabalho. Essa questão de beleza, de rótulo, isso aí é... O que é bonito para um não é para outro, então eu procuro não me apegar à questão da vaidade. A gente tem de ser reconhecido mesmo é pelo trabalho. Eu, inclusive, estou no gabinete que era da Rita Camata, porque ela voltou ao seu estado e, tenho certeza, continuará servindo à população. Estou no gabinete dela, que foi do meu pai há dez anos, quando ele foi deputado federal.
Coincidência?
Não, eu pedi. Fizemos um requerimento, não houve objeção e então a gente conseguiu. O que me deixa muito feliz, porque eu trilhei os caminhos por onde meu pai passou, e isso me dá muita honra. Ele fez muitos amigos aqui, teve uma atuação importante, e isso me deixa muito feliz.
Como tem sido a recepção dos demais parlamentares?
Eu já sou amiga de outros parlamentares, amigos de atividades políticas em nosso estado e em nossa região. Para mim, é um clima familiar, porque eu sempre vivi neste ambiente. Inclusive quando eu vinha há dez anos aqui com meu pai, minha mãe e meus irmãos iam passear e eu ficava aqui assistindo [às sessões do Plenário da Câmara]. Eu já tinha paixão pela atividade parlamentar. E, hoje, poder estar aqui participando de votações importantes, discutir assuntos de interesse nacional, para mim é gratificante.