Brasil tem uma das tarifas de luz mais caras do mundo
28 FEV 10 - 05h:30
O levantamento da consultoria
Advisia aponta que a
tarifa paga pelo consumidor
brasileiro – seja residencial
ou industrial – é mais alta
do que as do Canadá, Estados
Unidos, Noruega, França
e México. O estudo usa dados
de 2007, por causa da defasagem
nos sistemas internacionais
de consulta, como
a Agência Internacional de
Energia (AIE). Mas, segundo
especialistas, a relação não se
alterou substancialmente.
Na época, a tarifa residencial
média no Brasil era de US$
184 por megawatt-hora (MWh)
e a industrial, de US$ 138 por
MWh. O valor mais baixo para
residências era encontrado
na Noruega, de US$ 48 por
MWh. Já no segmento industrial,
o Canadá tinha a melhor
tarifa: US$ 68 por MWh. Na
Alemanha, que tinha as maiores
tarifas, os consumidores
residenciais pagavam US$ 212
por MWh e os industriais, US$
84 por Mwh.
“Deveria haver alguma relação
entre custo de energia
e qualidade, até boa parte da
tarifa brasileira é referente a
encargos, incluindo o sistema
de transmissão, que está falhando”,
comenta o presidente
da Abrace, Ricardo Lima.
Ele cita ainda os Encargos
sobre Serviços do Sistema,
outra taxa paga para manter
a confiabilidade no fornecimento.
Ao todo, os encargos
e impostos representaram
metade do custo da energia
comprada pelas indústrias
brasileiras em 2007.
A sucessão de falhas, seja
em linhas de transmissão ou
redes de distribuição, indica
que a relação entre custo e
qualidade, indicada por Lima,
está desproporcional. Levantamento
publicado pelo jornal
“O Estado de S. Paulo” no
fim do ano passado indica
que o número de interrupções
no fornecimento em 2008 foi
o pior desde 2001.
Os dados de 2009 ainda
não foram fechados, mas especialistas
admitem que os
últimos meses foram muito
ruins. Esta semana, a Agência
Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) anunciou uma multa
de R$ 9,5 milhões à distribuidora
Light por interrupções
no fornecimento durante os
meses de novembro e dezembro.
O governo de São Paulo
voltou a cobrar explicações
da Eletropaulo pelo mesmo
motivo.
Ex-presidente da distribuidora
paulista, o hoje consultor
Eduardo Bernini destaca
o avanço nos últimos anos,
mas concorda que o verão
mostrou que há grande fragilidade
na rede de distribuição
de energia nas principais
cidades do País. Ele ressalta,
porém, que a qualidade no
fornecimento também implica
tarifas mais altas.
O levantamento da Advisia
indica também que, entre
os países pesquisados, o
Brasil teve o maior aumento
de tarifas industriais no período,
de 21,6% ao ano, ante
12,7% no México e 1,2% na
Alemanha, por exemplo. A
expectativa do mercado é que
os preços voltem a ser pressionados
este ano, já que as
chuvas nos reservatórios das
hidrelétricas estão abaixo da
média histórica, o que aponta
para a necessidade de uso de
térmicas.
Segundo dados do Operador
Nacional do Sistema
Elétrico (ONS), o volume de
água armazenável nos reservatórios
das Regiões Sudeste
e Centro-Oeste está em 63%
da média histórica de fevereiro.
“Está chovendo muito,
mas no lugar errado”, aponta
o professor Nivalde de Castro,
do Grupo de Estudos do Setor
Elétrico do Instituto de Economia
da UFRJ.
O preço do mercado atacadista
para a próxima semana
chegou à casa dos R$ 34
por MWh, depois de quase
seis meses mantendo o valor
mínimo, em torno dos R$ 12.
“As condições dos reservatórios
tendem a se deteriorar,
com reflexo sobre os preços
finais”, diz Castro.