Com as exportações recuando 26% em relação ao mês anterior, a balança comercial iniciou 2014 com o pé esquerdo e registrou deficit de US$ 4,05 bilhões em janeiro, o pior desempenho mensal desde o início da série histórica, em 1994, conforme dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
O resultado surpreendeu especialistas. 'Eu esperava um saldo negativo de, no máximo, US$ 2 bilhões. Estamos começando o ano perdendo de goleada%u201D, disse o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. 'Isso deixa o mercado bastante preocupado. A queda dos preços das commodities no mercado internacional ainda não foi captada no mês passado e, quando isso ocorrer, haverá mais impacto negativo nas exportações%u201D, comentou.
Com o mau desempenho de janeiro, a AEB deve cortar a projeção para 2014, que estimava superavit de US$ 7,2 bilhões na balança. A nova previsão, no entanto, só será divulgada em julho, quando a entidade costuma ajustar as estimativas anuais. 'Nossa expectativa é que o governo volte a elevar barreiras para as importações a fim de evitar que tenhamos deficit neste ano%u201D, destacou Castro.
No ano passado, o país teve superavit comercial de US$ 2,5 bilhões, mas somente porque foram contabilizadas como exportação plataformas de petróleo entregues à Petrobras no valor de US$ 6,5 bilhões. Na verdade, os equipamentos não saíram do território nacional. Se não fossem essas operações, a balança teria registrado saldo negativo de US$ 4 bilhões.
Na avaliação de Castro, mesmo com o dólar subindo, os exportadores não estão empolgados. 'Os preços das commodities estão em baixa e devem ter queda média de 20% este ano. O impacto positivo da desvalorização do real seria sentido nos produtos manufaturados, mas isso não vai ocorrer porque o principal destino desses produtos, a Argentina, tende a comprar menos do Brasil em função da forte crise que atravessa%u201D, destacou.