Um movimento de correção das ações do setor elétrico se somou às incertezas do cenário internacional e levou a Bolsa brasileira a recuar hoje para o menor nível em quase cinco anos.
O Ibovespa, principal índice de ações do país, caiu 1,05%, para 44.965,55 pontos menor valor desde 22 de abril de 2009 (44.888,22) e fechou a quarta semana seguida de desvalorização. A perda acumulada no ano é de 12,7%. Investidores pesam os efeitos das medidas anunciadas pelo governo para socorrer o setor elétrico. Embora positivo, o pacote de R$ 12 bilhões ainda é motivo de incerteza entre os analistas, por ter deixado dúvidas sobre como será o processo para aliviar o caixa das distribuidoras. A retração também se deve ao efeito da realização de lucros por parte dos investidores diante do forte avanço dos últimos dias. Ontem, o setor foi o principal destaque da Bolsa com altas de 4%.
Três das cinco principais perdas do índice hoje estavam ligadas ao setor elétrico: Cemig (-5,98%), CPFL (-3,98%) e Copel (-3,64%). O governo anunciou ontem que injetará R$ 12 bilhões nas distribuidoras de energia como reforço para equilibrar as contas. Parte dos custos será coberto com aumento de impostos e outra parte será feita com recursos do Tesouro e financiamentos que mais tarde serão repassados para as tarifas. "Cabe destacar que o plano, em tese, é bastante positivo porque vai limitar o efeito negativo no caixa das empresas, mas tem muitos pontos que não ficaram esclarecidos. Além do mais, o risco de racionamento ainda persiste e é negativo [para as ações]", afirma Lenon Borges, analista da Ativa Corretora.
A Bolsa brasileira também sofreu influência do sentimento de cautela que paira entre investidores por todo mundo pela escalda de tensão na Ucrânia. Um referendo marcado para este final de semana decidirá sobre a união do território da Crimeia à Rússia.
As principais Bolsas europeias e asiáticas fecharam hoje em queda, com exceção da Alemanha. Em Londres, a retração foi de 0,40% e na França, 0,80%. O Japão teve o pior tombo do dia, ao cair 3%. Os mercados americanos chegaram a ensaiar uma alta na abertura, em recuperação às perdas de ontem, mas não sustentaram o avanço ao longo e fecharam em leve queda.