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Biólogos descobrem a Serra do Amolar

Biólogos descobrem a Serra do Amolar

SÍLVIO ANDRADE

05/04/2011 - 10h20
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Trabalhos de pesquisa têm se multiplicado nos últimos anos, contribuindo para desvendar um complexo aquático como o Pantanal, ainda pouco conhecido pela comunidade científica.  Em breve, uma publicação sobre os aspectos ecológicos da Serra do Amolar – uma teia de morraria, lagoas, rios e florestas intocáveis permeada pela Amazônia, Cerrado e Floresta Chiquitanas – vai revelar um mundo vegetal e animal nunca minuciosamente estudado.

Trata-se da coleção biológica, que está montada com pesquisas de campo e catalogação desde 2010, cujo acervo inclui coleta e identificação de exemplares de espécies de plantas, insetos, contramoldes de pegadas de mamíferos e de rochas, nos ambientes da RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Engenheiro Eliezer Batista, situada no Pantanal de Corumbá. A Reserva foi criada em 2008, pela holding EBX, do megaempresário Eike Batista.

A segunda e última fase do projeto coordenado pelo IHP (Instituto Homem Pantaneiro), organização ambiental gestora da RPPN, se encerra nesta terça-feira e resultará em um livro a ser editado até o final do ano como patrimônio da reserva. A coleta do material foi iniciada em julho do ano passado e retomado em março, envolvendo 45 pessoas, a maioria pesquisadores com graduação em ecologia, biologia, botânica, entomologia e zoologia.

Conservacionismo

Na primeira etapa, buscou-se conhecer o meio ambiente da região em um período de seca; agora, o grupo tem um cenário úmido por conta das chuvas, quase diárias, e de uma cheia em formação. Na última semana, integrou a equipe o doutor em zoologia e biólogo Fábio Olmos, um ornitólogo por vocação, que prestará consultoria e tem a função de revisor técnico da publicação. Para ele, a iniciativa amplia os esforços de conservação do Pantanal.

“Estamos falando de uma área única no mundo e de um lugar singular, que é o Amolar, muito bem protegido por um corredor ecológico”, disse Olmos. “A pesquisa resulta também em convencimento e de fortalecer ações e medidas conservacionistas, onde vejo que o setor privado pode ser, e tem provado isso, mais competente do que os governos no ato de conservar ambientes naturais, de produzir resultados, como os que temos visto aqui.”

Participam do projeto profissionais e alunos do Instituto Butantã, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Instituto Carlos Chagas, Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com a coordenação de campo de Camila Aoki e Alessandra Bertassoni, mestres com doutorado em ecologia e conservação. A coordenação geral é da bióloga Viviane Moreira, do IHP.

Espécies raras

Nas duas expedições realizadas dentro da reserva, situada a 180 quilômetros a montante de Corumbá, os pesquisadores coletaram e identificaram 454 espécies de insetos e plantas, incluindo algumas raras, das famílias de aranhas e percevejos. O trabalho é realizado nas trilhas da reserva, nas baias, como a Mandioré, margem do Rio Paraguai e nos morros. Os métodos de coleta incluem armadilhas, iscas para formigas, redes e guarda-chuva entomológicos. 

Para Viviane Moreira, a coleção biológica contribui para fomentar a pesquisa científica dentro da reserva. O livro, segundo ela, estabelece uma relação de respeito com a comunidade científica e motiva a geração da demanda constante, tornando a RPPN Eliezer Batista um centro referencial da pesquisa, base para um banco de dados da biodiversidade do bioma. “Estamos criando um alicerce para pesquisas científicas e atividades educacionais”, disse.

 

Ecossistema tem capacidade de se autoproteger 

O Pantanal, que se estende pelos Estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, ocupando uma área de 250 mil quilômetros no Brasil, é um dos poucos ecossistemas no mundo com capacidade de se autoproteger. A Serra do Amolar, onde se insere a RPPN Eliezer Batista, é “uma possibilidade real de conservação”, define Ângelo Rabelo, policial militar aposentado e atualmente ocupando a gestão ambiental e de licenciamento da EBX.

A reserva, de propriedade da mineradora MMX, foi criada por decreto do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) em 25 de julho de 2008. Adquirida em 2006, localiza-se na margem direita do Rio Paraguai. Dos 20 mil hectares, 12,6 mil foram transformados em RPPN. A área restante garante a sustentabilidade de famílias de ribeirinhos - a legislação não permite que haja ocupação em unidade de conservação.

A preocupação com a manutenção das comunidades tradicionais é um avanço em se tratando de RPPN no Pantanal, onde não se aplica o modelo para todos os biomas. O Pantanal é um ecossistema preservado e a pecuária extensiva, que data do século 18, é uma atividade econômica comprovadamente sustentável. As reservas que tiraram o homem primitivo e o boi não têm alcançado êxito, e um dos exemplos é a Fazenda Rio Negro, em Aquidauana.

A RPPN Eliezer Batista integra um corredor ecológico de 275 mil hectares formado pelo Parque Nacional do Pantanal, criado nos anos 80, e reservas particulares reconhecido pela UNESCO como Reserva da Biosfera e Patrimônio Natural Mundial. A região, onde se encontra a reserva foi declarada pelo Ministério do Meio Ambiente como de alta prioridade para preservação da biodiversidade. Situa-se entre o Rio Paraguai e a Baía de Mandioré, fronteira com a Bolívia. 

Encontro Internacional

Conservação no Pantanal vira pauta mundial durante encontro de exploradores em Nova Iorque

Presidente do IHP, Ângelo Rabelo, foi indicado junto com outros brasileiros para tratar temas nacionais nos Estados Unidos

23/04/2024 18h25

A entidade existe há 120 anos e reúne mais de 3,6 mil pessoas de referência global que desempenharam ou realizam ações para transformar positivamente o mundo Divulgação IHP

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O grupo The Explorers Club, que reúne autoridades e pessoas com reconhecimento global que desempenham medidas que envolvem promoção da ciência e da conservação, discutiu em um de seus encontros a situação do Pantanal. O presidente do IHP, sediado em Corumbá (MS), Ângelo Rabelo, participou das reuniões realizadas em Nova Iorque, durante o encontro anual do clube. Ele apontou que é preciso haver atenção mundial com relação à conservação do Pantanal e da riqueza cultural do território.

A entidade existe há 120 anos e reúne mais de 3,6 mil pessoas de referência global que desempenharam ou realizam ações para transformar positivamente o mundo. Os encontros ocorreram entre sexta-feira (19) e domingo (21). Foram realizados diversos encontros e reuniões entre os participantes do clube, bem como ocorreram discussões sobre temas globais a serem trabalhados para promoção da conservação do Planeta.

 

Ângelo Rabelo, que atua em ações de conservação no Pantanal há cerca de 40 anos, pontuou que há diferentes esforços em andamento para prevenir incêndios florestais e promover desenvolvimento sustentável. Na semana passada, os governos de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, junto com o governo federal, assinaram termo de cooperação visando a união de esforços na defesa, proteção e desenvolvimento sustentável do Pantanal. Além disso, um fundo foi criado para financiar ações que ajudam a proteger o bioma, porém até hoje somente o governo de MS fez aporte de recursos (R$ 40 milhões) e o setor pública busca outras linhas de subsídio para essas ações. A promoção do Pantanal para o exterior pode contribuir nesse propósito, como já ocorre com a Amazônia, por exemplo.

“A maior área úmida do mundo, o Pantanal, está no mapa sobre as grandes explorações e os relatos que indicam locais que são desafiadores no Planeta. Por esse caminho cheio de desafios temos, primeiro, os povos originários que ainda habitam o território, como é o caso dos Guatós. Depois vieram as pantaneiras e os pantaneiros, que também seguem no Pantanal sabendo lidar com a ocupação e a conservação. Depois, temos os registros de outros esforços de pessoas que também se dedicam pela conservação desse Patrimônio Natural da Humanidade”, comentou Rabelo.

O bioma Pantanal é considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do Planeta e apesar de ser o menor em extensão territorial no Brasil, abriga 263 espécies de peixes, 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis, 463 espécies de aves e 132 espécies de mamíferos, conforme dados do Ministério do Meio Ambiente. Além disso, o Programa de Monitoramento dos Biomas Brasileiros por Satélite – PMDBBS, realizado com imagens de satélite de 2009, mostrou que o Pantanal mantêm 83,07% de sua cobertura vegetal nativa. Mais de 90% do bioma está em propriedades privadas, enquanto 4,6% estão classificadas como unidades de conservação, dos quais 2,9% correspondem a UCs de proteção integral e 1,7% a UCs de uso sustentável.

A participação de Rabelo na reunião do The Explorers Club ocorreu porque ele foi nomeado, neste ano, como uma das 50 pessoas a fazer a diferença no Planeta. A escolha foi feita por integrantes do The Explorers Club e o presidente do IHP entrou na lista do EC50 2024. Concorreu com mais de 200 pessoas indicadas. Seus apoiadores na nomeação foram Dereck Joubert e Beverly Joubert, exploradores que atuam diretamente pela conservação da vida selvagem e desenvolvimento sustentável em países africanos. O casal convidou, neste mês, o governador Eduardo Riedel (PSDB) para conhecer iniciativas que são realizadas no continente africano.

Além do presidente do IHP, os brasileiros nomeados nesse grupo chamado EC50 deste ano foram a geóloga Fernanda Avelar Santos, o ictiologista Luiz Rocha, o designer naturalista Lvcas Fiat e o paraquedista profissional Luigi Cani. Além dos brasileiros recém-nomeados, personalidades mundiais fazem parte do Clube, como a ex-astronauta e géologa Kathryn Sullivan, veterana de três missões a bordo de ônibus espacial; o geneticista e biólogo nuclear James Dewey Watson, um dos autores do modelo de dupla hélice para estrutura da mólecula de DNA; bem como o explorador que fez parte do primeiro voo solar ao redor do mundo, concluído em 2016, André Borschberg; e Dominique Gonçalves, criadora do Programa de Ecologia de Elefantes no Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique, entre outras pessoas.

Também em Nova Iorque, a diretora-executiva do Instituto Moinho Cultural Sul-Americano, localizado em Corumbá (MS), Márcia Rolon, participou dos eventos abertos do The Explorers Club para divulgar o trabalho de diminuir a vulnerabilidade social de crianças e adolescentes da região de fronteira do Brasil por meio da arte.

 

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Cotidiano

Com 300 doses disponíveis, vacinação contra dengue deve acabar nesta semana

Aproximadamente 130 doses estão sendo aplicadas por dia; segundo a expectativa da pasta é que a vacinação se encerre até o final desta semana.

23/04/2024 18h15

Gerson Oliveira/

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As vacinas contra a dengue com prazo de validade até 30 de abril e que estão disponíveis pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) devem ser aplicadas até o final desta semana. A expectativa da pasta é que nenhuma dose deve ser descartada em Campo Grande. 

De acordo com a secretária, cerca de 130 doses estão sendo aplicadas por dia nos postos de saúde da cidade. Por causa disso, a expectativa é que todas as doses que estão perto do vencimento sejam aplicadas até sexta-feira (26).

A baixa procura do imunizante em Mato Grosso do Sul levou o Ministério da Saúde a informar aos municípios para ampliar a idade de vacinação. Segundo a pasta, pediu para todas as cidades priorizar a faixa etária entre 6 e 16 anos, mas com imunização ampliada para pessoas entre 4 e 59 anos. 

A medida foi tomada para reduzir a perda de doses que estão perto do vencimento, cabendo a cada município definir a estratégia de aplicação.  As doses que estão sendo utilizadas vencem no dia 30 de abril. 
 
Segundo a Sesau, em Campo Grande tem cerca de 300 doses estão espalhadas pelos postos de saúde da Capital. 

 

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