THIAGO ANDRADE
Para que cada show, festa ou espetáculo aconteça, existe todo um trabalho de preparação e produção que precisa ser realizado por alguém. Embora não sejam todos que gostem de colocar a mão na massa, é cada vez mais comum ver as pessoas se mobilizarem com o objetivo de trazer para o circuito cultural de Campo Grande coisas que lhes interessam. O Correio do Estado buscou alguns produtores dessa nova leva para conhecer o que os motiva e como funciona a produção cultural em Mato Grosso do Sul.
“Se a gente não trouxer as bandas que gostaríamos de ver, quem é que vai trazer?”, pergunta a jornalista Manuela Barem, integrante do coletivo Bigorna Produções, que se tornou referência na produção de shows e festivais de música alternativa na Capital. Formado por cerca de 20 pessoas, entre produtores, músicos e profissionais de diversas áreas, o coletivo nasceu em abril do ano passado e, desde então, promove festas mensais chamadas Bigornadas, que têm como atração bandas nacionais.
Graças ao trabalho do coletivo, Campo Grande recebeu shows do cenário independente atual, como Móveis Coloniais de Acaju, Canastra, Inocentes, entre outros; colocando a cidade no mapa musical nacional. Mas o trabalho da Bigorna Produções vai além da promoção de shows de bandas de fora. “Somos um grupo de pessoas que pensa de forma semelhante e queremos fazer a música independente se desenvolver”, explica a produtora Letz Spíndola, que se dedica integralmente ao coletivo.
Dimitri Pellz, Jennifer Magnética, Gobstopper e Idis são as bandas produzidas pela Bigorna, que começa a atuar como selo para gravação e distribuição dos discos dessas bandas. “Passamos por uma remodelagem para atender melhor nossa demanda. Nos dividimos em núcleos, que incluem comunicação, distribuição, produção artística e sustentabilidade. Estamos nos organizando para fazer o melhor trabalho possível”, aponta Letz.
Segundo os entrevistados, durante o primeiro ano de atuação, o grupo conseguiu muito. André Vilela, tecladista da Dimitri Pellz e integrante do coletivo, defende que um dos principais ganhos foi a criação de um público específico para as festas. “Eles vêm mesmo sem conhecer as bandas, pois confiam no nosso trabalho”, concordam os integrantes. Segundo o baterista da Dimitri Pellz, Jean Albernaz, também do coletivo, a Bigorna ajudou a reconfigurar a cena musical de Campo Grande, valorizando a produção de trabalhos autorais.
Em família
Daniel Escrivano é mais um dos produtores dessa nova leva. Todavia, em seu caso, a produção cultural faz parte de sua história desde a infância. Ele é filho de Tomás Ramos Escrivano, importante figura da cultura do Estado, responsável pela produção de músicos como Almir Sater e de eventos como o Festival Universitário da Canção (FUC). “Entrei nessa dando continuidade ao trabalho do meu pai. Sou produtor de bandas como Bando do Velho Jack e estou à frente do FUC também”, explica.
Embora se julgue feliz com o trabalho que faz, Daniel não nega que o trabalho é duro. “Produzir eventos é bastante complicado, pois tudo fica na sua mão. Dá um prazer enorme ver um festival que você produziu, mas não é nada fácil colocar aquilo em prática. O trabalho com bandas também é complicado, mas menos que a produção de eventos culturais”, finaliza.