O desarme de benefícios
que passa a vigorar em abril
e a perspectiva de que o recolhimento
compulsório
sem remuneração voltará
aos patamares observados
antes da crise é criticado
pelos bancos. O economista-
chefe da Federação Brasileira
de Bancos (Febraban),
Rubens Sardenberg, avalia o
cenário como “um retrocesso”.
“Há um consenso de que
o nível dos compulsórios no
Brasil é elevado. Voltar com
os mesmos patamares anteriores
significa ter custos
adicionais”, diz.
Sardenberg explica que o
compulsório maior reduz a
capacidade do banco de administrar
o dinheiro depositado
pelos clientes na instituição.
“Isso cria ineficiências
no sistema financeiro
que implicam em custos adicionais”,
argumenta. O custo
maior acontece porque o
banco precisa “compensar” a
menor rentabilidade obtida
com o dinheiro recolhido
junto ao BC. “Isso é custo
que acaba sendo repassado
para o cliente”.
O economista da Febraban
sugere que a equipe
econômica use outros instrumentos
para, eventualmente,
conter a velocidade
de expansão da economia e,
assim, reduzir pressão sobre
os preços. “É melhor usar a
política monetária e fiscal”,
cita.
Para o economista-chefe
da LCA Consultores, Bráulio
Borges, o desarme dos benefícios
tem grande vantagem
para o BC: a eficiência. Ele
explica que a interrupção
dos estímulos criados na
crise tem efeito contracionista
mais rápido sobre o
crédito que o gerado por
eventual aumento da taxa
básica de juro, a Selic. “O
aperto monetário tem dia
e hora para começar. Antes
mesmo de qualquer mudança
na Selic, bancos vão
sentir o aperto da liquidez
a partir de abril. A alta na
Selic demora pelo menos
meio ano para começar a
fazer algum efeito”.
Sobre o fim do estímulo
às provisões extras, o economista-
chefe da Febraban
avalia que a medida vai
prejudicar principalmente
os bancos públicos, que
têm menor capacidade de
alavancar novos crédito pelas
regras de Basileia – que
determinam o crédito que
pode ser concedido conforme
o capital do banco.
“Por terem menor folga em
Basileia, as instituições públicas
já estão em processo
avançado para aumentar o
capital”, diz.