O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem que a autoridade monetária tem que atuar de forma técnica e consistente, mesmo tomando decisões impopulares, sinalizando uma possível alta na taxa básica de juros, a Selic, nos próximos meses. A próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) será nos dias 16 e 17 de março. “Atuar de forma consistente significa também não evitar decisões tecnicamente justificadas que, no curto prazo, possam parecer antipáticas ou impopulares, mas que visam, sim, o bem comum”, disse em discurso na cerimônia de posse de Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo para a diretoria de Assuntos Internacionais do Banco Central. Economistas consultados pelo órgão mantiveram a previsão para a Selic em 11,25% no fim do ano na última pesquisa Focus, divulgada segunda-feira passada. A taxa está atualmente em 8,75% ao ano – no fim de janeiro, o Copom manteve a taxa nesse patamar pela quarta reunião seguida. Para 2011, a projeção do mercado subiu de 11% para 11,25%. Na quarta-feira (24), o Banco Central anunciou o aumento na alíquota do depósito compulsório para 15%, que havia sido reduzida para 13,5% durante a crise para liberar mais recursos para o mercado. Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a medida deve elevar o custo do crédito. Ano eleitoral No evento, Meirelles afirmou ainda: “enganam-se aqueles que esperam mudanças na conduta do BC em função do calendário cívico”, referindose às eleições. Sobre a rotatividade na diretoria do Banco Central, que nos últimos meses teve a troca de dois diretores, o presidente do órgão ressaltou que isso nunca afetou a atuação da autoridade monetária e não há motivos para acreditar que isso pode acontecer a partir de agora. O próprio Meirelles pode ser uma das baixas do Banco neste ano se decidir ser candidato nas próximas eleições.