Edna Simão (AE)
Apesar do recorde mensal das exportações e importações, o saldo da balança comercial em março foi o mais baixo para o mês desde 2002. No mês passado, as vendas brasileiras para o mercado externo totalizaram US$ 15,727 bilhões. Já as aquisições somaram US$ 15,509 bilhões. Com isso, o superávit comercial fechou o mês em US$ 668 milhões. Em março de 2002, esse saldo positivo foi de US$ 603 milhões. No trimestre, o superávit comercial soma US$ 895 milhões, o que representa uma redução de 70% em relação aos três primeiros meses de 2009.
O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral, explicou que o superávit comercial em março, apesar de baixo, não é ruim. O resultado reflete o forte aquecimento da economia doméstica e a taxa de câmbio favorável às importações. Enquanto as exportações em março cresceram 27,4% (média diária), as importações subiram 43,3%. No mês de abril, dependendo do comportamento das importações, o saldo comercial poderá ser um pouco mais alto, pois a exportação começará a ser influenciada pelo escoamento da safra agrícola.
“O ritmo das importações está alto, mas não é diferente do que acontece desde o início do ano. O aumento é basicamente por matérias-primas e insumos que são itens importantes para a indústria brasileira”, explicou Barral. Com o descompasso entre oferta e demanda, já identificado pelo Banco Central, o caminho para evitar um aumento ainda mais forte da inflação será a ampliação ainda maior das importações, o que influenciará diretamente o saldo comercial.
Para o secretário, o ritmo de crescimento das compras de produtos estrangeiros não surpreende. “A estrutura cambial gera um incentivo para as importações”, ressaltou Barral. As importações de matérias-primas e insumos registraram aumento de 56,4% de 2009 para 2010, considerando a variação da média diária.
A preocupação é com a competitividade dos produtos brasileiros. Mas, pelo menos por enquanto, não tem sido atingida de forma significativa. Isso porque, mesmo com o dólar desfavorável para alguns setores do comércio exterior, o Brasil está recuperando alguns mercados, onde a participação havia sido reduzida por conta dos efeitos da crise econômica mundial. O país conseguiu ampliar suas exportações, principalmente, para a América Latina e Caribe, Ásia e Europa Oriental.
Considerando a variação da média diária exportada, houve um aumento de 63,5% de 2009 para 2010 para a América Latina, de 29,7% para a Ásia e de 66,2% para a Europa Oriental. Os principais produtos vendidos foram o petróleo, carne bovina e de frango, farelo de soja e café em grão.