CRISTINA MEDEIROS
Assim como muitas pessoas optam por ter um cachorro ou um gato, a procura por aves ornamentais como animais de estimação é muito grande. Isto acontece por vários fatores: necessidade de pouco espaço físico, baixo custo, principalmente com alimentação, vacinas e cuidados básicos, facilidade para limpeza, não incômodo para os vizinhos, entre outros. E, assim como os animais, nesta época de baixas temperaturas, sujeita a chuva e rajadas de vento, as aves mantidas em cativeiro também sofrem com o frio e necessitam de cuidados especiais.
Segundo a médica veterinária Mariana Pestelli, todas as aves sofrem muito com o frio devido à sua anatomia respiratória. “Os pássaros têm pulmões como muitas outras espécies, mas o que os diferenciam dos mamíferos, por exemplo, é a presença de sacos aéreos, que auxiliam no processo respiratório. Esse órgão fica predisposto às doenças e infecções nas mudanças de tempo”, explica.
Muitas disfunções são causadas também por pequenos descuidos, como deixar a gaiola em locais que têm grande circulação de ar. “No inverno são mais frequentes a pneumonia e a aerossaculite, em virtude das aves ficarem expostas a correntes intensas de vento”.
O biólogo Pedro José de Menezes, do Parque Estadual do Prosa, em Campo Grande, explica que é preciso manter o aquecimento hermético do local onde elas vivem. “Para viveiros que ficam do lado de fora, o ideal é colocar uma lona plástica na maior parte do dia e à noite”.
Para quem tem apenas uma ave de estimação em casa, aqui vai uma dica importante: o pássaro deve ser levado para fora de casa para tomar sol e entrar em contato com o ar puro, contudo, evite deixar a ave do lado de fora no final da tarde e à noite, quando as temperaturas começam a baixar. Mas se o frio persiste durante o dia, não a coloque do lado de fora de casa. “Gaiolas que mantenham curiós, canários ou bicudos, por exemplo, jamais devem ficar ao relento, precisam ser colocadas num abrigo, seja ele um quarto, uma sala”, explica o biólogo.
Vitamina
Diferentemente das aves que estão acostumadas à liberdade, as engaioladas são mais sensíveis. “Elas não se exercitam com frequência, a alimentação é diferenciada e, por isso, apresentam menor resistência. Por isso, é preciso trocar a água e o alimento duas vezes ao dia”, acrescenta o biólogo. Outro recurso para ajudar a melhorar a imunidade da ave é colocar vitamina no bebedouro ou na ração. “Quando era jovem e mantinha aves na gaiola, colocava uma gota de solução de própolis, um antibiótico natural”.
Para o contador Hugo Silveira, ter aves é mais do que um hobby, é colaborar com a preservação da natureza. Criador legalizado há mais de onze anos de pássaros da raça bicudos, espécie silvestre protegida pelo Ibama, ele redobra os cuidados com seus pássaros durante todo o inverno, inclusive tem uma área especialmente reservada para eles.
O criador explica que neste período alguns animais fazem a troca de pena para estarem belos e revigorados quando entrar a primavera. “Isso requer muito dos pássaros e os expõem ao tempo”, conta. Segundo Silveira, o uso de capas especiais, ou mesmo toalhas, para a cobertura das gaiolas são essenciais para manter os bichos protegidos. “O uso de aquecedores de ambiente nos dias muito frios também é uma alternativa”, conta. Vale ressaltar, porém, que não é indicada a colocação de vasilhas grandes com água para que o pássaro faça seu banho, já que o sol nesse período muitas vezes não é suficiente para secar o bicho.