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As usinas de álcool e açúcar

As usinas de álcool e açúcar

Redação

01/05/2010 - 05h30
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Em 1973, quando José Fragelli era governador do velho Mato Grosso, o grupo da Fazenda Bodoquena S.A., liderado pelo grande vulto da indústria açucareira daquela época, Orlando Ometto, que foi o maior líder açucareiro do país, em Barra Bonita, e mais ainda a empresa Votorantim e também a Boa Vista, do Banco Bradesco, resolveram construir, na Fazenda Bodoquena, a maior usina de álcool e açúcar não só do Brasil, como de todo o mundo. Chegaram a plantar, no início, mais de 1000 hectares de cana para mudas destinadas ao seu grande projeto industrial, interrompido pelos ecologistas e ambientalistas em grande campanha com passeatas em Campo Grande contestando este investimento.

 Este assunto foi muito mal conduzido tanto pelos ecologistas como por políticos, pois não passa na cabeça de ninguém, muito menos dos grandes empresários que são competentes, implantar uma usina de álcool e açúcar na Nhecolândia, no Paiaguás, no Abobral, Jacadigo ou Nabileque, porque estas regiões não absorvem tais investimentos. Estas áreas são inundáveis durante seis meses do ano, a terra é fraca, arenosa, imprópria para o plantio de cana-de-açúcar, e além disso não têm também nenhuma infraestrutura para absorver um empreendimento de tal vulto, como estradas e energia elétrica. Todavia, existe, no município de Corumbá, área que absorve estes investimentos, no percurso da antiga estrada de ferro da Noroeste e da Rodovia BR-262 com destino a Corumbá, desde a Estação Saloba, e também da vicinal que parte da Estação Guaicurus rumo sul, com destino à Estância Esmeralda e de lá, à direita desta estrada, até perto da Estação Carandazal. A Serra da Bodoquena nasce nesta região com destino a Porto Murtinho e existe um grande leque de terras planas e altas, não sujeitas a inundação em qualquer época do ano, com área estimada em 300.000 hectares, na saia da serra, entre os morros Azul, Baú, Pontudo, Bugio e Cabeça de Boi, onde não existem rios para poluir o Pantanal, e têm ótima infraestrutura, onde lá cruzam rede elétrica para Corumbá, gasoduto para Paulínia, rodovia 262 Corumbá-Vitória e estrada de ferro ligando Brasil à Bolívia.

 As terras desta região são de ótima qualidade e as estações consistem em seis meses de chuva e seis meses de seca, quando a cana-de-açúcar enxuga, produzindo muita sacarose, e os caminhões, neste período, podem trafegar facilmente nos canteiros para receber a cana cortada. A não implantação desta usina na região da Bodoquena, entre Corumbá e Miranda, foi o maior desastre econômico para o Estado na arrecadação de ICMS e também para as populações destes dois municípios, engessando-as e levando-as ao empobrecimento, e até hoje esta região está em grave crise econômica. Na época, sem defesa das nossas entidades de classe e dos políticos da região, a Assembleia Legislativa em Cuiabá, sem maior conhecimento de causa e sem mandar fazer pesquisa por uma comissão de agrônomos, engenheiros florestais, economistas, ambientalistas e ecologistas para verificar a real viabilidade econômica desta região para a implantação de uma usina de álcool e açúcar, pressionada por passeatas em Campo Grande, aprovou a proibição de usinas nesta região, num profundo desconhecimento da realidade local. O governador José Fragelli sancionou este projeto de lei, que condenou os municípios de Miranda e Corumbá à pobreza. Resultado: hoje, a população jovem destes dois municípios sai para estudar e, depois de suas formaturas, não regressa mais a sua terra natal por falta de opções de trabalho e desenvolvimento. Corumbá e Miranda estão hibernadas desde aquela época, e vemos até a sua população nativa todos os dias abandonar as suas origens à procura de trabalho em outras regiões.

Em 1982, o governador Pedro Pedrossian, pressionado, proibiu mais uma vez o plantio de cana-de-açúcar no Pantanal e incluiu também a proibição de usinas álcool-açucareiras na Bacia do Alto Paraguai, por entender que o vinhoto escorreria pelos córregos e rios, atingindo o Pantanal. Hoje, o vinhoto é contido e resfriado em grandes açudes e depois é utilizado para fertilizar o solo para a produção de alimentos, não existindo mais, no momento, esta preocupação ambiental. Esta proibição  engessou  também o progresso em toda a Bacia do Alto Paraguai, que tem milhares de hectares de terras férteis e está à direita da BR-163 de quem parte de Campo Grande, passando pelos municípios de Jaraguari, Bandeirantes, Camapuã, São Gabriel, Rio Verde, Pedro Gomes, Coxim e Sonora até entrar no estado de Mato Grosso, com destino a Cuiabá, proibindo a plantação de cana-de-açúcar, que recolhe o CO2 da atmosfera desde o seu plantio, e automaticamente a construção de usinas álcool-açucareiras.

A margem esquerda da rodovia 163, neste projeto, ficou como zona permanente de preservação ambiental. Na época, houve uma discussão política, e não científica, entre as partes sobre o assunto. Hoje, a Embrapa e mais 92 entidades de classe da nossa sociedade, após estudos científicos, concluíram que é viável plantar cana-de-açúcar nesta área desde que sejam respeitados os critérios ambientais por estas usinas. O governador do Estado de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, ciente da evolução deste problema, com muito acerto e também com apoio de 20 dos 24 deputados estaduais, sancionou uma nova Lei Estadual contrária às normas Estaduais e Federais em vigor, que proibiam a instalação de usinas álcool-açucareiras na Bacia do Alto Paraguai, existindo, assim, um grande litígio neste assunto que poderá ir até o Supremo Tribunal Federal. Desejo dar o meu depoimento do que vi acontecer no Triângulo Mineiro anterior ao ano de 2000, quando ainda não tinham sido instaladas usinas álcool-açucareiras nesta região. O meio rural, nos seus diversos municípios, vivia em grandes dificuldades econômicas e seus proprietários viviam com muitas dificuldades para manter a propriedade e produzir, com a desvalorização do gado de corte. Hoje, instaladas as usinas álcool-açucareiras, que absorveram estas áreas médias e pequenas, toda a região se transformou num grande centro produtor de álcool e açúcar e as usinas trouxeram trabalho, emprego, produção, faturamento, dinheiro e automaticamente prosperidade e uma imensa valorização nas terras destas regiões.

Atualmente, os seus proprietários mudaram de status, têm casa boa na cidade, automóvel de marca e também sobra dinheiro para viagens no decorrer do ano e os imóveis das cidades dobraram de preço. Pelo exposto, não tem sentido condenar municípios ao empobrecimento e ao subdesenvolvimento e cabe aos senhores Vereadores, Prefeitos, Deputados Estaduais e Federais, Senadores e Governador o dever de defender estes municípios, promovendo o bem-estar social das populações que representam nos Poderes Legislativo e Executivo.  

Paulo Machado Borges, pecuarista 

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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