Alguns especialistas dizem que certas pessoas enfrentam a morte do animal da mesma maneira que a de um integrante da família, passando por etapas do luto como choque e negação, raiva, depressão e aceitação. “As pessoas que mais sentem são aquelas que, de alguma maneira, dedicam ao cachorro atenção bem maior do que se tem com um animal de estimação, acabam deslocando afeto, têm expectativas; esses, com certeza, tendem a sofrer muito mais”, aponta a psicóloga Marta Helena.
Esses sentimentos podem ser visíveis nos idosos, solitários ou casais sem filhos (para quem o animal é também um substituto da criança).
Muitas vezes, mesmo não sendo um animal que fique dentro de casa com frequência, a morte se torna dolorosa, com a mesma intensidade daqueles mais próximos da rotina dos donos.
A psicóloga Marta Helena enfrentou a situação na própria casa. Durante doze anos, um dog alemão foi responsável pela guarda da casa. “Ele não entrava, mas tinha seu espaço no quintal. Não foi somente a gente que sentiu falta dele, os amigos e familiares também tinham se acostumado com sua presença. Sempre interagia com as pessoas que vinham à nossa casa”. Segundo Marta, não é a primeira vez que sente a perda de um cachorro. “Tivemos várias perdas ao longo dos anos”.
Por sua vez, recentemente Valéria passou a contar com um labrador, “Apolo”, em casa. “Logo depois que o Bonei morreu não pensamos em colocar outro para substituí-lo, levamos quase um ano para ter outro cachorro do porte dele. Mesmo na época do Bonei tínhamos a Jade, um poodle, que sentiu muito a morte dele, não queria comer e parou de brincar, ficou deprimida. Estava de luto também como a gente”, diz Valéria. “Acho que a perda do animal faz as pessoas refletirem sobre outras perdas. É preciso entender o momento pelo qual está se passando”, finaliza o médico veterinário Antônio Carlos Abreu. (OR)