ADRIANA MOLINA
A alta mais representativa em Mato Grosso do Sul foi registrada entre março e abril, quando o preço da arroba subiu 3,4%, passando de R$ 73,34 aos recentes R$ 75,84.
Porém, esses são os preços médios praticados no Estado, pois, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), na sexta-feira passada algumas negociações atingiram entre R$ 77 e R$ 79. "Mas nas últimas semanas alguns frigoríficos chegaram a alongar suas escalas com gado comprado a até R$ 80", conta a economista do Cepea, Shirley Martins Menezes.
Nas negociações no mercado futuro as especulações têm crescido nas assessorias e corretoras. As das recentes altas, que sinalizam preços ainda melhores na seca fizeram disparar à procura por esses serviços, já que as vendas antecipadas podem ser mais lucrativas que no mercado físico.
Um bom exemplo dessa vantagem é o atual cenário, que está com preços na casa dos R$ 75, enquanto a estimativa no mercado futuro é de que a arroba do boi no Estado atinja R$ 85 para outubro (pico da entressafra) − R$ 10 a mais que o atual, já confirmado na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). "Por causa disso já percebemos uma procura 50% maior nos últimos dias por parte dos produtores. Preço como esse não é praticado desde dezembro de 2008", conta o economista e corretor Fábio Strang Ciasca.
Varejo
Se por um lado as altas da arroba fazem o pecuarista comemorar, por outro o consumidor amarga os reflexos desse cenário positivo na hora de preparar o almoço ou até mesmo o churrasco de fim de semana. De janeiro a março, os preços da carne no varejo tiveram alta de 4,25%, puxada principalmente por cortes como o acém, paleta e costela.
E, na primeira semana de abril, em relação ao mesmo período do mês passado, os valores nos supermercados e açougues de Campo Grande já aumentaram mais 2,23%, conforme dados do Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais (Nepes). O quilo do acém nesse período ficou 7% mais caro, atingindo R$ 7,52 o quilo.
A paleta apresentou variação de 6,8%, chegando a R$ 8,27 o quilo. Já a costela disparou e, em um mês subiu 13,4%, passando de R$ 4,9 para R$ 5,56 o quilo. Segundo o coordenador do Nepes, Celso Correia de Souza, as altas, motivadas pela entressafra da pecuária, devem fazer o consumo cair nos próximos meses. "Toda vez que a carne bovina sobe, os consumidores migram para outras, como a suína e de frango. É o que deve ocorrer novamente", estima.