Armazéns da Cooagri são preparados para receber grãos
23 FEV 10 - 03h:49
Os armazéns arrendados
da Cooperativa Agropecuária
e Industrial (Cooagri),
em liquidação judicial, estão
sendo preparados para
receber a safra de soja do sul
e do sudoeste do Estado. Os
controladores temporários
estão fazendo os trabalhos
de manutenção dos equipamentos,
parados há mais de
um ano e meio. Os últimos
recebimentos foram na safrinha
de 2008.
Mas na unidade de Sidrolândia,
o primeiro descarregamento
foi feito na
semana passada informou
ontem ao Correio do Estado
o liquidante da Cooagri, Gilberto
Bernardi. “Os demais
armazéns começarão a receber
a soja à medida que forem
operacionalizados porque o
pico da safra está chegando”,
explicou o agrônomo.
As 17 unidades da Cooagri
– algumas tendo mais de um
armazém a granel, foram arrendadas
para um grupo de
cooperativas paranaenses e
empresas do próprio Estado
pelo período de três anos, ao
preço de R$ 12 milhões.
Coube ao juiz da 2ª Vara
Cível de Dourados, José Carlos
Souza escolher quem seriam
os arrendatários, levando
em conta, principalmente,
o quesito solidez econômica.
A primeira parcela de R$ 4
milhões já foi liquidada e
será usada para o pagamento
de parte das dívidas trabalhistas
dos mais de 300 funcionários.
As outras parcelas
serão anuais.
A cooperat iva La r, de
Medianeira (PR), que já vem
atuando na região sul, ficou
com as unidades de Sidrolândia,
Pequi, Maracaju, Vista
Alegre, Antônio João, Ponta
Porã, Itahum(Dourados) e
Rio Brilhante. A cooperativa
Coamo, de Campo Mourão
(PR),também presente em
Mato Grosso do Sul, assumiu
as filiais dos distritos
de Tagi(Aral Moreira), Guaíba
(Ponta Porã) e Laguna
Carapã.
A União Suplementos Animais
arrendou a unidade de
Jardim; a Jangada Armazéns
Gerais ficou com a de Montese
(Itaporã); a Agrojangada,
com a antiga loja de insumos
e último escritório central
da Cooagri, em Dourados; a
Bonanza Armazéns Gerais
com Indápolis (Dourados) e
Douradina; Dainel e Douglas
Guedin, com o armazém de
Caarapó; e o Agro Santo Antônio,
com o de Bonito.
As 17 unidades da Cooagri
– a maior cooperativa agrícola
do Estado, tem capacidade
para receber 406.800 toneladas,
quase 10% da soja a ser
produzida nesta safra em
Mato Grosso do Sul, estimada
em 4,9 milhões/tonelada.
Auditoria
Bernardi disse ontem ainda,
que duas empresas especializadas
apresentarão essa
semana um orçamento, para
aprovação do juiz encarregado
do processo de liquidação,
para a realização de uma auditoria
contábil, financeira
e patrimonial da Cooagri,
sediada em Dourados. Uma
delas é de Porto Alegre (RS) e
a outra de Cascavel (PR).
Esse levantamento minucioso
poderá abranger os
últimos cinco ou dez anos,
para serem identificados os
motivos que levaram a cooperativa
à falência, com dívidas
de R$ 240 milhões e um patrimônio
de R$ 90 milhões.
No dia da audiência pública,
12 de fevereiro, que
debateu a situação da Cooagri,
o juiz da 2ª Vara Cível,
José Carlos Souza considerou
“uma pouca vergonha” e “uma
calamidade” o que ocorreu,
pois quatro anos atrás era
considerada uma das maiores
do País no seu segmento.
Apesar de ter dinheiro em
caixa, o pagamento do passivo
trabalhista – calculado em
R$ 8 milhões, ainda não foi
feito por questões burocráticas.
Mas Bernardi antecipou
os R$ 5 milhões disponíveis
serão para pagar encargos:
depósito do FGTS, com multa
de 40% sobre o saldo; férias;
aviso prévio; e, possivelmente,
o salário de julho de 2009.
Os demais ficarão para trás,
por falta de caixa.