Fábio Dorta, Dourados
O prefeito afastado Ari Artuzi (sem partido), que continua preso na 3ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, ordenou que o Diário Oficial do Município fosse tirado da internet por três dias seguidos para ocultar informações sobre licitações que estavam direcionadas a empresas escolhidas pelo prefeito. O Diário existe apenas na versão on-line. A informação consta no livro A Máfia de Paletó, de autoria do jornalista Eleandro Passaia, lançado na noite de sexta-feira em Dourados.
Centenas de pessoas se acotovelaram no saguão de entrada do Teatro Municipal de Dourados para a cerimônia de lançamento. Na obra de 96 páginas, Passaia conta os bastidores da corrupção na Prefeitura de Dourados e como fez as gravações onde políticos locais aparecem recebendo dinheiro de propina. “Fiquei encantado ao saber que tudo o que tinha visto até hoje nos filmes americanos estava à disposição dos policiais federais brasileiros”, diz em um trecho.
As gravações realizadas durante três meses pelo jornalista, que é secretário municipal de Governo e Comunicação, deram origem à Operação Uragano da Polícia Federal, que levou para a cadeia o prefeito Ari Artuzi (sem partido), o vice Carlinhos Cantor (PR), nove vereadores, secretários municipais, servidores públicos e empresários.
Passaia, que trabalhou na campanha que elegeu Artuzi e foi o braço direito do prefeito durante seu governo, afirmou em entrevista, durante o lançamento de seu livro, que se sentiu enganado. “Pensei que estava fazendo a campanha do pobre contra o rico. Mas, infelizmente, estava na campanha de um corrupto, contra um homem justo”, afirmou, referindo-se às eleições de 2008.
Suplente
Na noite de sexta-feira, o ex-presidente da Câmara Municipal de Dourados, Albino Mendes (PR), assumiu a vaga do vereador Humberto Teixeira Júnior (PDT), preso na Operação Uragano. A Justiça ainda não acolheu o pedido do Ministério Público para afastar os envolvidos no escândalo de corrupção, mas o pedetista pediu licença do cargo.