O tereré que em décadas passadas servia para aliviar o trabalho árduo do campo e para ‘tapear’ a fome, desde o início do mês de abril passou a ser patrimônio imaterial histórico e cultural de Mato Grosso do Sul, depois do registro feito através de decreto assinado pelo governador André Puccinelli (PMDB). A diretora de Turismo da Prefeitura de Ponta Porã, Walquiria Capusso, que iniciou todo o processo para que houvesse esse reconhecimento, falou ao Correio do Estado da importância disso para a preservação da memória e dos costumes culturais do povo fronteiriço.
Desde a semana passada que o tereré passou a constar no Livro de Registro dos Saberes, onde estão inscritos conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades. O registro significa que o Estado reconhece que esse é um bem tradicional do município de Ponta Porã, ligado à história da cidade, com hábitos de consumo transmitido entre as gerações. O pedido de registro tinha sido feito em 2008 depois de estudos elaborados pela diretora de Turismo Walquiria Capusso.
“Eu comecei o projeto em 2008, logo que o Estado adequou à legislação e começou a se preocupar com o patrimônio intangível. Fizemos muitas pesquisas e quando no ano passado o governador André Puccinelli lançou em Ponta Porã o Parque dos Ervais, reforcei ainda mais a tese das nossas origens, da nossa história, hábitos, enfim, que nossa cultura advém realmente da erva mate e agora veio a confirmação e estou muito feliz por isso”, ressalta Walquíria.
Ela fala que o tereré hoje faz parte da cultura do Estado, com origem paraguaia, a bebida refrescante ultrapassou as fronteiras. “E isso nasceu aqui na fronteira Ponta Porã/Pedro Juan Caballero. Por isso é que somos a ‘Princesinha dos Ervais’ e essa referência histórico/cultural é linda, é a identidade de um povo, de uma cidade, é algo fantástico”.
Walquíria fala que o tereré era muito usado pelos índios e pelos trabalhadores dos ervais. “A bebida aliviava o árduo trabalho e ‘tapeava’ a fome. É um estimulante e isso dava energia para a lida diária. No ano passado encontrei pessoas tomando tereré na praia em Salvador. Hoje o consumo está disseminado e agora com o registro feito pelo Estado, asseguramos o processo de identidade cultural de Ponta Porã, o que infelizmente muitos ainda não reconhecem essa importância”.
No próximo mês de junho, Walquíria quer levar para Campo Grande uma grande roda de tereré. “Vamos fazer isso durante o Salão de Turismo para mostrar que nos orgulhamos das nossas origens. Já neste mês de abril, vou fazer palestra sobre o processo de reconhecimento do tereré como patrimônio imaterial do Estado para os alunos da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul em Dourados, atendendo ao pedido do curso de turismo”, ressaltou.