adilson trindade E lidiane kober
A tensão ficou elevada no Parque dos Poderes com a pressão de aliados sobre o governador André Puccinelli (PMDB) para trocar a candidatura do deputado federal Waldemir Moka (PMDB) pela da ex-prefeita de Três Lagoas Simone Tebet (PMDB) para a disputa ao Senado. André foi aconselhado a manter Murilo Zauith (DEM) na vice para acomodação de uma liderança política de expressão da Região da Grande Dourados.
A preocupação dos aliados é de o fracasso eleitoral de Moka repercutir no desempenho de André na sucessão estadual. O governador já considera estar sendo prejudicado pelo comando nacional do PMDB, que cobra apoio à pré-candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República. Ele aponta a pré-candidatura do ex-governador José Orcírio dos Santos (PT) como maior obstáculo para se aliar a Dilma. O que André procura evitar é "levar chumbo" nas eleições se se juntar aos adversários políticos no Estado.
Mas na avaliação dos aliados de André, se é "erro político" — como acham que é — fazer aliança com Dilma, também consideram equívoco insistir na pré-candidatura de Moka. A melhor opção seria apostar na liderança emergente da política estadual: Simone Tebet, filha do senador Ramez Tebet (PMDB), morto em 2006.
Mas o governador resiste à proposta, por enquanto, por acreditar que Moka irá ganhar musculatura eleitoral até a convenção. "O tempo é curto demais", comentou um deputado estadual do PMDB, que não quis ser identificado para não criar problemas com o governador e com Moka. O PMDB deve fazer convenção no próximo dia 26.
Até um importante assessor do governador defende a imediata troca de Moka por Simone. Ele chegou a discutir a questão com André. Mas não conseguiu demovê-lo da ideia de insistir na pré-candidatura do deputado para o Senado.
A conversa dos dois, segundo uma testemunha, foi ríspida porque está em jogo a reeleição do governador. Ontem, André marcou posição de continuar com Moka na disputa para o Senado. Mas deixou em aberto a possibilidade de trocá-lo.
Incomodando rivais
O deputado federal Waldemir Moka atribuiu a boatos a sua desistência de concorrer ao Senado. E acusou a imprensa de estar alimentando um fato sem menor procedência.
Para Moka, a sua pré-candidatura não tem recuo. "Você acha que alguém que disputou uma prévia, que num universo de 15 mil filiados teve praticamente 10,5 mil votos, vai desistir?", questionou o deputado.
Ele acredita estar incomodando algum candidato para ser alvo de comentários de sua desistência. "A única forma de tentar evitar meu crescimento, que veio da base e é muito forte, é começar uma conversa de que vou desistir", declarou Moka, demonstrando acreditar na chance de sair vitorioso das urnas.
"Como posso desistir se nem comecei a campanha e já estou empatado em segundo lugar?", indagou o deputado, que acompanhou o governador no evento da caravana "Mais Alimentos", no Parque de Exposições Laucídio Coelho. "Quem desiste numa situação como esta? Tenho apoio dentro do PMDB, do PSDB, do DEM e do PPS. Quem tem essa base de apoio político que tenho?", questionou o parlamentar, assegurando ter força política na disputa para o Senado. (Colaborou Maria Matheus)