adilson trindade
O governador André Puccinelli (PMDB) está jogando pesado para arregimentar todos os peemedebistas no palanque do ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) na campanha presidencial em Mato Grosso do Sul. Mas está encontrando resistência, principalmente do prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PMDB), que reafirmou a sua determinação de pedir votos para a ex-ministra Dilma Rousseff, candidata do PT à sucessão presidencial.
Não é só Nelsinho que está com a candidata petista. Outros prefeitos do PMDB também manifestaram reservadamente a intenção de apoiar Dilma para presidente da República. O governador quer, no entanto, levá-los todos para o palanque de Serra e sem questionamento. Seria uma ordem expressa para combater Dilma em Mato Grosso do Sul.
A manobra de André é esvaziar o palanque de Dilma e enfraquecer o seu rival, ex-governador José Orcírio dos Santos (PT), na sucessão estadual. O plano dele é barrar o avanço do seu adversário durante a campanha eleitoral com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de José Orcírio em Campo Grande, Corumbá e Três Lagoas. Os petistas vão tentar, ainda, levar Lula até Dourados.
A derrota de André passou, também, a ser um desafio para o presidente Lula. Ele acusa o governador de ingrato por acusá-lo, durante a visita de José Serra, em Campo Grande, de não “fazer nada” por Mato Grosso do Sul. O presidente, segundo o deputado federal Vander Loubet, é responsável por mais de 80% das obras executadas no Estado. André argumenta que o presidente não fez mais que a sua obrigação de repassar dinheiro para obras.
Na contramão de André, o prefeito Nelsinho Trad, no entanto, reconheceu publicamente, em várias ocasiões, o apoio do presidente Lula para a execução de grandes obras em Campo Grande. Por esta razão, não será “ingrato” com Lula e assumiu, publicamente, a sua adesão à candidatura de Dilma, independentemente da decisão de André subir no palanque de Serra.
Mesmo assim, o governador entende que o prefeito da Capital não foi claro se vai apoiar Dilma. Ele tem dúvida disto, tanto é que aposta na adesão de Nelsinho na campanha de José Serra. O prefeito, irritado, declarou estar cansado de tanto ficar repetindo que vai fazer campanha de Dilma. “Me deixe trabalhar”, disse.
Mas o governador não pretende deixá-lo em paz enquanto não mudar para o palanque de Serra. Ele considera absurdo o PMDB partir dividido para a campanha presidencial em Mato Grosso do Sul. Isto até pode prejudicar o seu projeto de reeleição. Nelsinho, porém, garantiu estar empenhado para ajudar o governador a vencer José Orcírio na sucessão estadual. O que ele deseja é apenas retribuir o apoio recebido do Planalto para a execução de obras em Campo Grande. São milhões de reais investidos pela União na Capital.