Sílvio Andrade, de Corumbá
A cisão política do governador André Puccinelli (PMDB) com o prefeito de Corumbá, Ruiter Cunha de Oliveira (PT), depois da união em 2008, ganhou clima de disputa eleitoral ontem. Puccinelli enfrentou manifestantes petistas na visita à cidade para lançar obras e participar da audiência pública sobre a ZPE (Zona de Processamento de Exportação). Houve confronto dos correligionários com os contrários do prefeito.
A prefeitura não permitiu a colocação de faixas no centro de Corumbá, onde aliados de Puccinelli o agradeciam pelas obras que anunciaria, entre elas a ampliação da rede de abastecimento de água. Foi preciso a presença da Polícia Militar para garantir a afixação das mesmas. Mas, antes de a PM chegar, houve princípio de briga do pessoal para colocar as faixas com funcionários da prefeitura.
Ao chegar ao clube Barracão de Zinco, na parte alta da cidade, para lançar obras, o governador foi cercado e xingado por cerca de 30 manifestantes com cartazes. A PM não impediu o grupo de entrar no clube. Os manifestantes, acompanhados por um carro de som, seguiram para a Câmara, onde foram barrados.
Início da briga
O desentendimento de Puccinelli com Ruiter começou com o não cumprimento, por parte do prefeito, segundo o Executivo, da cedência de uma área para o Estado construir mil casas. Ruiter alega que o governo demorou para iniciar as obras, por isso, doou a área para a União construir casas.
Depois, o governador tomou unilateralmente um terreno de 62 hectares que o Estado doou ao município, em 2005, para edificar as moradias. De lá para cá, os dois políticos radicalizaram a relação, que só tem piorado.
“Digam ao prefeito que eu sou de paz”, disse Puccinelli, ao discursar para cerca de 300 pessoas no Barracão de Zinco. “Aqui não é o talibã, também não sou xiita. Sou de paz, ninguém tem o direito de mandar xingar a mãe do governador”, retrucou, em tom irônico. O governador comentou a tentativa do prefeito petista de embargar a obra das casas e derrubar as já edificadas, ação rejeitada pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
“Não consigo entender o prefeito, foi um erro político mandar demolir as casas”, alfinetou. “As casas não são do André, do Lula, do Ruiter ou do Paulo Duarte (deputado estadual de Corumbá), é do povo”. Ruiter Cunha criou uma agenda de última hora em Campo Grande para não se encontrar com o governador na audiência pública sobre a ZPE, cujo projeto também acirrou os ânimos entre ambos nas últimas semanas.