Fernanda Brigatti
O governador André Puccinelli (PMDB) admitiu ontem que abrir um segundo palanque para a pré-candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT), em Mato Grosso do Sul, o prejudicaria. Em encontro com o presidente nacional do PMDB, deputado federal Michel Temer, virtual vice na chapa da petista, Puccinelli informou a dificuldade em apoiar a ex-ministra da Casa Civil. “Mostrei a pesquisa, (disse) olha o chumbo que eu levo”, afirmou.
Se apoiar Dilma, Puccinelli considera certeira a candidatura da senadora Marisa Serrano (PSDB) ao governo, como forma de garantir palanque ao pré-candidato tucano José Serra.
A pesquisa apresentada a Temer, segundo Puccinelli, aponta 47% de intenções de votos para ele, seguido de 31% para José Orcírio dos Santos (PT) e 11% para a senadora Marisa Serrano (PSDB). Ele calcula que, se Marisa não se candidatar, 7% dos 11% que declararam votar na tucana votariam nele. Diante da insistência de Temer quanto ao apoio a Dilma, Puccinelli ainda teria dito que “não dá, vocês querem me levar para o matadouro”. Ele disse também que terá um novo encontro com o presidente nacional do PMDB, em data ainda a ser confirmada, em que mostrará pesquisas atualizadas.
A avaliação de que o palanque para Dilma Rousseff prejudicaria Puccinelli corrobora a tese do PSDB local de que o apoio a Serra está garantido, mesmo não oficializado ainda. O comando do PMDB tenta, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), garantir que os estados não apoiem outros candidatos, que não os decididos pela nacional, sob risco de responder processo por infidelidade. Mas, segundo o governador, sem a regra da verticalização (os diretórios estaduais eram obrigados a reproduzir as alianças nacionais), os estados não estão obrigados a seguir a nacional, ficando livres para fazer campanha para Serra.
Na manhã de ontem, Puccinelli participou do encontro do PSB, e disse que só há imbróglio quanto ao candidato apoiado pelo PMDB de Mato Grosso do Sul porque José Orcírio decidiu ser candidato, descumprindo meta geral acertada, ainda em 2009, entre peemedebistas e petistas do comando nacional. “Onde houvesse predominância, em pesquisas, o PMDB seria cabeça de chapa. O PT não precisava ser vice, mas estaria na chapa”, disse. “A parte de lá (a candidatura de José Orcírio), me parece, é inexorável”, completou.