OSCAR ROCHA
Em um mundo cada vez mais competitivo há espaço para a amizade? Se alguns acham que não, muitos outros acham que sim e lutam para preservar o relacionamento com aqueles que podem contar nos momentos bons e ruins. E eles nem precisam de um dia específico para celebrar a amizade, como o Dia do Amigo, comemorado hoje.
“Pessoas para diversão existem muitas, mas aquelas que podem ser classificadas como amigas realmente são poucas e marcam presença nos momentos alegres e de angústia”, define o ator e diretor de teatro Espedito Montebranco, que entre os amigos conta, há 25 anos, com o motorista Jorge de Souza, 54 anos. “Realmente, mantemos uma amizade muita bacana, ele é um cara com quem se pode contar”, elogia Jorge.
Estudos feitos há alguns anos mostram que amizade é parte fundamental para a convivência em sociedade. Quem tem amigo vive melhor. Foi isso o que destacou o cientista inglês Ray Pahl, que pesquisou pessoas de várias faixas etárias. “Não dá para dizer quantos amigos uma pessoa precisa ter para viver bem. Isso depende muito. Alguns estudos anteriores chegaram a dizer que uma pessoa precisaria de 18 amigos, mas não se pode afirmar isso. O que ela precisa mesmo é de uma rede de amigos que a acompanhem, que a compreendam, e isso pode acontecer com cinco, dez ou mais amigos”, diz Pahl.
Perfil
Para muitos, ter amigo é ter alguém em quem se possa confiar, mas a questão é bem subjetiva e depende de cada pessoa. Há vários tipos de amigos detectados, cada um em determinada situação ou momento da vida. O papel ocupado varia muito.
Existem os mais voltados para a família, que se relacionam com seus parentes como se fossem amigos; os que vivem praticamente rodeados pelos amigos, e com eles saem, se divertem e conversam; os casais que não se abrem muito, mas têm amigos para jantar, sair de vez em quando e ir a eventos sociais; ou aqueles, principalmente idosos, que encontram nos vizinhos a companhia ideal.
“A amizade é uma coisa muito mais complexa do que imaginamos. E os benefícios dela também. As relações de amizade podem tanto ser aquelas formadas na infância, que continuam na vida adulta, quanto as desenvolvidas ocasionalmente, em situações rotineiras”, explica Pahl.
Baseado em uma série de entrevistas e no acompanhamento da vida de cerca de 75 adultos, ele diz, por exemplo, que para uma mulher adulta, com filhos, o melhor apoio pode vir da mãe de uma colega de escola de sua filha. Ou para um homem solteiro pode ser o companheiro de trabalho que o acompanha no happy hour e o vizinho que pode, eventualmente, levar o cachorro para passear. No caso de quem vive longe de suas famílias, os amigos passam a ser, então, a própria família.