Você sabia que aquele lindo pé de alface que você compra na feira ou no supermercado pode fazer mais mal à saúde do que bem? Embora os médicos e nutricionistas não se cansem de recomendar o consumo das verduras, frutas e vegetais nas refeições, o paradoxo aparece justamente quando nos deparamos com a triste realidade de que 40% da alface, do tomate e do morango, estão contaminados com resíduos de agrotóxicos, conforme relatório do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgado em 2008. Outros seis a l imentos que fazem parte do cardápio regu lar do brasi leiro também foram analisados em 2007 e registraram resíduos irregu lares de defensivos agrícolas: banana (4,3%), batata (1,36%), cenoura (9,9%), laranja (6%), maçã (2,9%) e mamão (17,2%). Nos orgânicos, desde que sejam de procedência, não existe esse tipo de contaminação. Eles são especiais tanto pelo ciclo de cultivo quanto pela ausência de fertilizantes químicos e agrotóxicos. Isso sem falar da harmonização e respeito aos demais elementos da natureza. Graças a um sistema de produção que busca o equilíbrio entre o solo e outros recursos naturais, como água e luz, há diferenciais importantes e benéficos para o consumo. Com toda essa diferença no cultivo, outros ganhos também ficam agregados. O tomate orgânico, por exemplo, apresenta 23% mais vitamina A do que os convencionais. “Estudos recentes atestam que a diferença é acentuada em minerais. Têm teores maiores de vários deles: 63% a mais de cálcio, 73% a mais de ferro, 118% de magnésio, 91% de fósforo, 125% de potássio e 60% de zinco. Por outro lado, têm 29% a menos de mercúrio, o que é excelente”, explica Patrícia Realino Guaitoli, nutricionista parceira do Ganep Nutrição Humana para o desenvolvimento de projetos especiais. Os produtos industrializados orgânicos também tem suas vantagens. São produzidos sem conservantes sintéticos, livres de adoçantes, corantes, flavorizantes – que conferem o sabor ao produto. Tem uma durabilidade maior em relação aos convencionais, uma vez que o menor teor de água em sua composição reduz a proliferação de bactérias. Produção Em todo o País, são cerca de 15 mil produtores de alimentos orgânicos. De acordo com o Ministério da Agricultura, houve um crescimento de 114% no número de agricultores – 7 mil em 2000 para 15 mil em 2008 – além de um aumento de 196% na área de plantio – de 270 mil hectares para 800 mil, neste mesmo período. Mesmo com todo esse aumento, os orgânicos são apenas 1% de todo o alimento que é vendido no Brasil. Apesar do aumento da cadeia produtiva, a dificuldade com transporte e pontos de venda, além das condições de produção, fazem com que a queda no preço seja lenta e difícil. Em média, o custo é de 10% a 30% superior ao dos convencionais, variação que depende do tipo de produto e da época. Nos últimos anos, o mercado de produtos orgânicos se ampliou e ganhou novos itens, além dos in natura. Entre eles, sucos, laticínios, óleos, doces, palmito, pães, biscoitos, molhos, cerveja, vinho, cachaça, mel, pratos prontos congelados, frutas desidratadas, açúcar branco e mascavo, café, guaraná em pó, barra de cereais, hortaliças processadas, camarão, frango e carnes. Os produtores de alimentos orgânicos precisam seguir um critério rigoroso para garantir o selo de certificação. Os critérios exigidos para regulamentar os orgânicos protegem o consumidor dos riscos que os alimentos comuns conferem à sua saúde.