A Prefeitura de Campo grande demolirá o antigo Albergue Noturno, localizado na Avenida Afonso Pena, esquina com a Rua Visconde de Taunay, no bairro Amambaí. Segundo o prefeito Nelsinho Trad, a administração municipal planeja construir uma "unidade administrativa e profissionalizante", para oferecer "cursos de qualificação na área de informática". Ainda não há projeto nem data para o início das obras. Ontem pela manhã, a família que ocupava o terreno foi despejada.
A disputa pelo espaço é antiga. A prefeitura travou briga jurídica com a Associação das Abnegadas de Mato Grosso, que alegava ser proprietária do prédio e com Joelson Correa da Silva, que até ontem morava no local com a família. Ele era zelador do Albergue Noturno e reclamava direitos trabalhistas para deixar a propriedade. No entando, ontem houve a reitegração de posse.
Em 2008, a Câmara Municipal realizou audiência pública para discutir qual seria a melhor destinação para o antigo albergue noturno e os problemas decorrentes do abandono do imóvel. O prédio atrai bêbados e usuários de drogas. "É a porta de entrada da cidade. Está tudo degradado. Estamos recuperando um bem público e com uma destinação se Deus quiser será muito sadia", disse o vice-prefeito Edil Albuquerque, que na época era presidente do legislativo municipal.
Para retomar o imóvel, a prefeitura valeu-se do artigo 2º da lei 512, de 1957, que autorizou a construção do albergue. Conforme o texto legal, a administração pública não poderia dar outro destino ao prédio "enquanto forem mantidos pela referida Associação das Abnegadas de Mato Grosso os serviços de assistência a que se propõe".
Na avaliação de Edil Albuquerque, a instituição perdeu a utilidade com a abertura de outro albergue próximo ao local.
Outros projetos
Antes de decidir pela construção do Instituto de Informática, outros dois projetos para o uso do prédio foram cogitados: a instalação do Centro Especializado na Saúde do Homem, que hoje fica no bairro Coronel Antonino; e a implantação de um pronto socorro infantil, sugerido por Edil Albuquerque e pelo presidente da Câmara Municipal, Paulo Siufi. Conforme Edil, a ideia não avançou devido a falta de pediatras.
O imóvel está em uma das Zonas de Especial Interesse Cultural, definidas pelo Plano Diretor do Município. Assim, reforma, ampliação ou demolição só podem ser feitas após elaboração de laudo do Instituto Municipal de Planejamento Urbano assegurando que o prédio não tem importância histórica ou cultural.