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Águas da destruição no país do futebol

Águas da destruição no país do futebol

Redação

29/06/2010 - 06h34
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As cenas mostradas nos últimos dias na televisão são impressionantes: cidades varridas pelas águas dos rios, montanhas de lixo, barro, restos de casas, móveis e veículos, como se houvesse passado por ali uma onda de força descomunal. As cenas são de cidades nordestinas, principalmente da região de União dos Palmares, em Pernambuco e Branquinha, em Alagoas. Vidas perdidas, danos materiais, o desamparo e o desalento ante o irrecuperável. Impossível medir a dor de quem está diretamente exposto a tais situações. Impossível também não se comover com as cenas e querer, de alguma maneira, colaborar.

Mais uma vez mais a população brasileira se mobiliza para minorar o sofrimento e a penúria de irmãos distantes. Mais uma vez serão divulgadas as estatísticas sobre a tremenda capacidade do brasileiro de doação e de participação solidária.

No Brasil, bem como no resto do mundo, tragédias humanas provocadas por forças da natureza sempre ocorreram – muitas delas nem foram devidamente noticiadas, pois que antecederam a era das grandes coberturas jornalísticas. Mesmo assim, a quantidade de eventos catastróficos ocorridos no Brasil nos últimos anos impressiona. Apenas para resgatar os mais recentes e fartamente divulgados na mídia, podemos lembrar os ocorridos em Santa Catarina, às vésperas do Natal de 2008, as enchentes e quedas de morros no litoral norte de São Paulo e no Rio de Janeiro, quando as celebrações do ano novo de 2010 foram sepultadas pela dor, e os desabamentos de morros no Rio, incluindo a favela erguida sobre um lixão, soterrada em Niterói em abril deste ano.
Diante da tragédia instalada, volumes consideráveis de recursos são liberados e forças-tarefas emergenciais são deslocadas para atender a urgência da população. Além das perdas humanas, estas irreparáveis, há um grande volume de dinheiro público investido, que nem sempre chega aos devidos destinos. E assim nos cabe perguntar: onde ocorrerá o próximo episódio? Quando a fúria da natureza será novamente apontada como a responsável por tantas perdas?

Em todos esses eventos é muito fácil observar um conjunto de erros recorrentes, muitos deles primários, relacionados a pelo menos uma das seguintes causas: falta de planejamento nas ocupações urbanas; falta de fiscalização para impedir o uso de áreas de risco; falta de seriedade na proteção das áreas naturais que devem ser reservadas aos eventos naturais – as nossas chamadas APP’s, Áreas de Proteção Permanente e, por último, mas não menos importante, falta de severidade na punição aos verdadeiros responsáveis pelas ocorrências, seja pela atuação errônea ou pela omissão.
Para quê os municípios gastam na elaboração de Planos Diretores para áreas urbanas e o país tem uma Lei Ambiental, incluindo o Código Florestal, elogiada e até copiada por outros países, se não fazemos uso dessas ferramentas? A aplicação de medidas com base em pesquisas desenvolvidas por Universidades e outras instituições, a maioria de natureza pública (ou seja, com uso de recursos públicos), cujos resultados estão disponíveis para os órgãos da administração pública, seria mais que suficiente para garantir uma diminuição considerável de tantas tragédias que arrasam a população brasileira!

Estamos quase concluindo uma década do Século XXI e ainda continuamos a agir como fôssemos medievais. É passada a hora de o país deixar de tratar das consequências para tratar das causas, adotando definitivamente a prevenção, baseada em planejamentos sérios e com respaldo da legislação. Não é esse o modelo preconizado para a saúde humana? Por que não para a saúde ambiental? Ao invés disso, continuamos a contrariar a lógica e a ciência e a bancar horas e horas de trabalho de nossos excelentíssimos deputados e senadores, debruçados na árdua e urgente tarefa de mudar O Código Florestal vigente, pois que “demasiadamente severo” e “contrário ao progresso”. Tal discurso poderia servir aos apelos desenvolvimentistas das décadas de 1960-70, mas definitivamente não se encaixa na atual visão adotada pelo planeta - da sustentabilidade, da seguridade social, da participação cidadã, da política ética e da solidariedade com os homens e com o planeta.

Muitos dizem que é utópico ou visionário, mas queremos outro modelo de Progresso – não com a Ordem que reprime e silencia, mas com aquela que ampara, cuida, previne de danos e defende nosso povo e nossos recursos naturais. Em tempos de Copa do Mundo, bandeiras também pelo cuidado ambiental sábio, eficiente e vencedor!     

Maria José Alencar Vilela, Profa Drª da UFMS/Campus de Três Lagoas - E-mail [email protected]

"GUERRA CIVIL"

Maior ameaça à democracia no mundo é a polarização, diz o ator Wagner Moura

Ator diz que filme"Guerra Civil" soa um importante alarme sobre esses riscos

19/04/2024 10h30

Wagner Moura em "Guerra Civil", filme que chega aos cinemas brasileiros nesta semana Foto: Divulgação

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Para Wagner Moura, "Guerra Civil", filme que chega aos cinemas brasileiros nesta semana, soa um importante alarme sobre os riscos da polarização que assombra países como Estados Unidos e Brasil nos últimos anos.

"Este é um filme que mostra que a polarização é a maior ameaça à democracia no mundo moderno", diz ele sobre o longa dirigido por Alex Garland, um blockbuster americano que acena também para a realidade política brasileira, em sua opinião.

"Guerra Civil" conta a história de um grupo de jornalistas, do qual Moura faz parte, que tenta chegar a Washington para entrevistar o presidente dos Estados Unidos, um líder do qual não sabemos muito, mas que pelas dicas do roteiro é claramente fascista, nas palavras do ator baiano.

"Mas eu acho, sinceramente, que ligar esse personagem a figuras reais é um desserviço ao filme. Não há na trama uma agenda ideológica. E você sabe que eu sou uma pessoa que não tem medo de falar as coisas", diz Moura ao ser questionado sobre a proximidade do personagem com líderes que acirraram a era de polarização em que vivemos, como Donald Trump e Jair Bolsonaro.

O filme é uma distopia política cheia de imagens do que poderia ser os Estados Unidos caso o racha entre democratas e republicanos, ou liberais e conservadores, se acentue. Na trama, forças favoráveis e contrárias ao presidente vivido por Nick Offerman se enfrentam e destroem a nação. São várias as imagens de pontos icônicos do nacionalismo americano bombardeados, como a Casa Branca.

"A gente sabe muito bem o que é a polarização. O mundo todo sabe. E para os americanos o filme gera uma dissonância cognitiva, porque eles estão acostumados a ver essas cenas em filmes sobre guerras no Oriente Médio. Agora estão vendo em Washington", diz ainda Moura.

GUERRA CIVIL

- Quando Estreia nesta quinta (18), nos cinemas
- Classificação 18 anos
- Elenco Wagner Moura, Kirsten Dunst e Cailee Spaeny
- Produção EUA, Reino Unido, 2024
- Direção Alex Garland

MEIO AMBIENTE

MS avalia condições de pagamento antes de regularizar Fundo Pantanal

Até o momento, Governo não conseguiu recursos externos para financiar o Fundo, e conta com os R$ 40 milhões de investimento próprio; Expedições estão sendo feitas ao Pantanal para regulamentação

19/04/2024 09h30

Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fala sobre a criação de fundo biomas em Campo Grande Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

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Quatro meses após a sanção da Lei do Pantanal, o Governo do Estado ainda está avaliando as condições de pagamento aos produtores para regulamentar o Fundo Clima Pantanal.

No final de março, uma expedição percorreu os pantanais da Nhecolândia, do Paiaguás e do Abobral, pra reunir informações e elaborar o texto de regulamentação do fundo. 

Segundo o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia, Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a regulamentação do Fundo Clima Pantanal deve sair até o final desse semestre, e uma nova expedição, agora com o setor de Organizações Não Governamentais (ONGs) e ambientalistas como o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e o SOS Pantanal, será realizada no dia 22 de maio. 

“Nós temos que ver o que nós vamos pagar do Programa de Serviços Ambientais (PSA) e por isso fizemos aquelas expedições, e vai ter uma agora, com as ONGs, para a gente ver o que realmente vai ser remunerado aos produtores”, comentou Verruck. 

Ainda de acordo com o secretário, o Fundo Pantanal possui atualmente apenas o investimento realizado pelo próprio governo do Estado, de R$ 40 milhões, e a Semadesc tem trabalhado na divulgação, tanto do fundo, quanto da Lei do Pantanal, para tentar angariar recursos para a iniciativa, no entanto, Jaime Verruck aponta que ainda não houve nenhuma sinalização clara de aceitação. 

“Nós estamos apresentando em todos os fóruns para tentar conseguir recurso internacional. Nesse momento o que nós temos é os R$ 40 milhões do Governo do Estado.

Como a própria ministra destacou, hoje todo mundo está avançando na estrutura de seus fundos, então nós estamos apresentando, mas até agora não temos nenhuma sinalização clara de alocação de algum recurso”, esclareceu o secretário. 

A iniciativa de criação de fundos para conseguir recursos para a preservação de biomas, como Mato Grosso do Sul fez em relação ao Pantanal, é algo que vem sendo pensado para outros ecossistemas, como o Cerrado e a Caatinga, e que já foi posto em prática na Amazônia Legal, através do Fundo Amazônia. 

Em dezembro, no evento de sanção da Lei do Pantanal, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MAMC), Marina Silva, afirmou que tinha sugerido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a criação de um fundo nacional para os biomas brasileiros, similar ao Fundo Amazônia. 

A ideia era de que com o fundo todos os biomas do país fossem contemplados e pudessem angariar recursos que seriam direcionados principalmente para a sua preservação, podendo inclusive, fazer parcerias com fundos estaduais já criados, como o Fundo Pantanal. 

A ministra relata que o debate que está sendo feito com os governos estaduais atualmente, está sendo direcionado para os planos de combate ao desmatamento em todos os biomas, e que nesse diálogo, surgiu o interesse de criação de fundo para esses ecossistemas. 

“A Amazônia tem um apelo muito grande e ela já tem um fundo, mas os demais biomas, se a gente fizesse uma composição, talvez a gente tivesse mais eficácia. Mas eu compreendo, porque cada bioma quer ter o seu fundo, quer ter seu espaço, e essa é uma discussão que a gente está fazendo com os consórcios de cada região”, informou a ministra. 

A deputada federal Camila Jara (PT), acrescentou ainda que existe uma legislação tramitando para a criação de um fundo que abrange todos os biomas brasileiros, e que está na Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados, sendo o parlamentar Pedro Campos (PSB-PE), o principal nome para ser o relator. 

“Eu acho que o melhor seria se a gente criasse um fundo biomas, e aí sim, em vez de ter uma ‘moqueca de dinheiro’ em cada fundo, a gente pudesse ter um fundo que pudesse receber, inclusive, recursos das emendas parlamentares, das emendas de bancada, para que a gente possa mudar a história do enfrentamento do desmatamento, do ataque ao Pantanal, que a gente possa virar essa página”, comentou Marina Silva, em seu discurso durante visita à Campo Grande, nessa quinta-feira.

O Fundo Amazônia, principal modelo de iniciativa voltada para captar doações para investimentos em ações de prevenção, combate e monitoramento do desmatamento e promoção da conservação, criado em 2008, recebeu até o fim de 2022 R$ 3,396 bilhões em recursos da Noruega, Alemanha e Petrobrás.

SERVIÇOS AMBIENTAIS 

Além da iniciativa do Fundo Clima Pantanal, o governo de MS também possui, desde dezembro de 2021, o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que “visa a conservação das florestas e demais formas de vegetação natural privadas existentes, restauração ecológica das florestas e demais formas de vegetação natural privadas, conversão de pastagens e terras degradadas para usos alternativos da terra”, expõe o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul). 

Em junho do ano passado, o programa foi estendido para esforços de restauração e proteção da biodiversidade, clima e estoques de carbono no âmbito das bacias hidrográficas. O PSA abrange um total de 571.800 hectares de áreas que se comprometeram com a conservação ambiental.

Já de acordo com a Lei do Pantanal, a prioridade é a preservação dos corredores de biodiversidade, delimitados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os produtores devem receber pela preservação da fauna e flora pantaneira, pela recuperação de pastagens degradadas, recuperação de vegetação nativa, entre outros. 

Não há mais informações sobre os critérios que serão adotados para a participação dos produtores no fundo.

SAIBA

De acordo com a lei, o Fundo Clima Pantanal poderá ter outras fontes de financiamento, como multas ambientais aplicadas pelo Imasul, emendas parlamentares, transferências de saldos de outros fundos e recursos de venda de crédito de carbono.

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