Os pais costumam levar seus filhos para consulta de rotina mês a mês após o nascimento. Ao completar um ano as visitas ao pediatra começam a ser mais espaçadas. A medida que as crianças vão crescendo e adquirindo mais imunidade, o acompanhamento médico se torna mais raro. A partir dos 7 anos, ir ao pediatra só mesmo quando surge alguma doença ou acidente. Como não temos a cultura da prevenção, levar os filhos ao médico para check up anuais é tão difícil quanto ver adolescentes cientes das transformações do seu corpo. A transição da infância para a idade adulta acontece entre 10 e 19 anos, segundo a Organização Mundial de Saúde. É nesse intervalo de tempo, chamado adolescência, em que os jovens vivem um período marcado por profundas mudanças, com transformações no comportamento e, principalmente, no corpo. As dúvidas são muitas, mas nem sempre o diálogo se estabelece, pois, na maioria das vezes, a vergonha é maior. Surge, então, um mar de incertezas e mitos. Mas os especialistas alertam: a informação e a conversa são os melhores aliados para lidar com os jovens nesta fase da vida. A professora Adriana Duringer Jacques, da Faculdade de Medicina de Petrópolis, destaca a importância da devida orientação aos jovens. “O conhecimento do próprio corpo e de como ele funciona é imprescindível para o adolescente identificar o que é normal e quando é preciso procurar um especialista. Na adolescência, meninos e meninas devem se conscientizar de que é responsabilidade deles cuidar de sua própria saúde. Não procurar as informações com as pessoas certas e confiar nas respostas dos colegas ou nos sites da internet são os equívocos mais frequentes dos jovens”, destaca a professora. Algumas orientações são comuns a ambos os sexos e idades. Manter uma alimentação saudável, beber água várias vezes por dia, fazer atividades físicas e dormir bem são algumas delas. Mas algumas questões são específicas para os adolescentes cujas as principais dúvidas se referem às mudanças no corpo e à sexualidade. Segundo a professora e médica Adriana Jacques, as dúvidas variam muito conforme a idade. Tanto para meninos e meninas, de 10 a 13 anos, a maior curiosidade é sobre o beijo e o “ficar”. “Nesta fase, são mais moralistas, têm medo de pegar doenças e de terem filhos tão jovens. Querem saber sobre o crescimento rápido e o desenvolvimento dos caracteres sexuais”, exemplifica. O assunto masturbação está entre as principais dúvidas dos garotos. Portanto, é nesta fase que os pais devem estar atentos para que seus filhos sejam bem instruídos quanto à sexualidade, do ato em si até mesmo sobre as doenças sexualmente transmissíveis, seja por consulta com médico da família, especialista em adolescentes (herbiatra) ou urologista. Segundo Adriana Jacques, o maior problema enfrentado na fase da adolescência é a vulnerabilidade a muitos fatores de riscos: drogas, álcool e violência. “Quando pais e especialistas orientam, os adolescentes percebem o que é estar vulnerável e começam a se proteger e se cuidar. Por isso, clareza e objetividade são fundamentais neste diálogo”, afirma. Menarca A primeira menstruação acontece entre os 10 e 13 anos. E segundo a ginecologista e obstetra Denise Coimbra é necessário que a mãe leve a filha à ginecologista quando se aproximar da menarca: “é importante a informação e a confiança entre mãe-filha e entre médico-paciente”, destaca a especialista. Segundo a médica ao menstruar muda tudo no corpo da menina. Surgem as alterações na distribuição de gordura para coxas e quadris, que dão o formato arrendondado, e o afinamento da cintura. “É comum depois de alguns ciclos anovulatórios (sem ovulação) a menina apresentar um muco cervical, que faz apresentar umidade na calcinha no período ovulatório, que se confunde com um corrimento”, exemplifica. É neste período também que iniciam as modificações psicossociais com o aparecimento do interesse pelo sexo oposto, fazendo a menina ter atitudes mais delicadas e sensuais. Vale ressaltar que as meninas estão menstruando cada vez mais cedo e essa menarca precoce (anterior aos 12 anos) se deve à poluição e aos agrotóxicos. “Mas é possível e é preciso retardar a menarca precoce para que os ciclos menstruais não interfiram no crescimento e também não tragam prejuízos emocionais”, esclarece a doutora Denise.