O balanço da Petrobras, divulgado na noite de anteontem, não agradou analistas e investidores, e as ações da petroleira colaboraram para a perda da Bolsa brasileira ontem.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em queda de 0,25%, aos 46.599 pontos. O volume financeiro movimentado foi de R$ 5,836 bilhões.
Os papéis mais negociados da Petrobras perderam 3,53% e lideraram as quedas entre os 72 papéis que compõem o índice. Já as ações ordinárias da estatal, com direito a voto, cederam 2,86% no dia. Juntos, esses papéis representam 12,08% do Ibovespa.
A estatal obteve lucro 11% maior em 2013, de R$ 23,6 bilhões. No entanto, o reajuste de preços dos combustíveis ao final de 2013 não foi suficiente para evitar prejuízo de R$ 17,8 bilhões na divisão de abastecimento, uma vez que a empresa continua a cobrar pelo produto menos do que paga na compra no exterior.
Para Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Corretora, o resultado foi melhor que as expectativas, mas o aumento do endividamento da empresa preocupa. "O balanço demostrou que, se tivesse havido um reajuste maior do preços dos combustíveis, o resultado da empresa teria sido melhor", afirma.
O analista Filipe Machado, da Geral Investimentos, enfatiza que mais de 70% da dívida da empresa é em dólar, o que pressiona ainda mais seus balanços. "A moeda americana subiu mais de 15% em 2013 e a tendência falada pelo mercado continua sendo de alta, o que deve continuar prejudicando a Petrobras", diz.
Para Luana Helsinger, analista do GBM (Grupo Bursátil Mexicano), o cenário para as ações da companhia só deve mudar quando ela conseguir diminuir sua alavancagem (relação entre dívida e patrimônio líquido) e reduzir ainda mais o plano de investimento. "Isso só deve ocorrer no longo prazo", avalia.
Mesmo assim, Machado, da Geral, acredita que o papel pode em algum momento mostrar uma retomada momentânea.
"Os papéis caíram bastante e a própria Bolsa caiu muito. Isso vai deixar o mercado muito barato em dólar, atraindo estrangeiros em algum momento. Quem mais vai se beneficiar com isso são as empresas maiores, como Petrobras e Vale, que podem ver suas ações subirem momentaneamente, com base somente em preço, não em fundamentos", completa.
Segundo Pedro Medeiros, da Citi Corretora, a paridade de preços dos combustíveis e o crescimento da produção em 2014 e 2015 não serão suficientes para conter a deterioração do balanço da empresa, considerando o câmbio atual, caso os investimentos não forem reduzidos.
Ontem, a presidente da Petrobras, Graça Foster, informou que a empresa recebeu a determinação de baixar o endividamento para os limites impostos pelo conselho de administração em um prazo de 24 meses.