Percebe-se que, na tentativa de reconstrução
democrática pós-Regime Militar, não foi
só a música brasileira que decaiu. A moralidade
referente à “coisa pública”, sobretudo nos
últimos anos, só deixa contente os laláus impunes.
Não bastando, metade dos nascimentos
provêm de adolescentes que ainda necessitam
de paternagem. Os vestais da moralidade que
prometeram um “novo modo de governar”, após
assumirem o Poder Central, apenas inovaram
alguns aspectos da corrupção, ou seja, no uso
dos recursos públicos para benesses pessoais,
promoção de invasões terroristas e expansão
do poder. Parecem orgulhosos de seus “mensalões”
e “recursos não contabilizados” que são
considerados “práxis revolucionária” moralmente
justificada para manutenção do poder
e desmoralização da “democracia burguesa”, como
eles próprios dizem. Quem se indigna seria
“moralista” ou integrante de uma “conspiração
das elites”. Sabe-se ainda que a naturalíssima
rotatividade de poder não tem abrigo catecismo
marxista-leninista, que norteia o Partido
no poder. Tal como na China, que ressuscitou
o “modo capitalista de produção” e com cujo
Partido Comunista tem um acordo de colaboração
mútua, o PT mantém o modo de produção
capitalista vigente, mas não admite perder o
poder. Por isso, com a prometida “guinada para
a esquerda”, prepara-se para arregimentar
sua militância e infernizar a vida do futuro
Governo, pois, tudo indica que terão que chupar
essa indigesta manga democrática que é a
rotatividade do poder. Será a primeira vez na
História que isso se dá sob a vigência de um
Partido comunista no poder. A História nos
confirmará.
Mas voltando à “vaca fria”, melhor dizendo,
à vaca podre da corrupção que nos aflige a bolsa
e a alma, nos acode aqui a Psicanálise, quando
analisa a “função paterna” na formação do
“superego”, ou caráter dos filhos. Paternagem
frouxa, sem “não”, permissiva, resulta em prole
sem rumo, disciplina, sem respeito ao próximo
e às leis. As figuras carismáticas, grandes
artistas e políticos têm a mesma influência
sobre os usos, costumes e a moralidade das
massas. Neste momento ouso fazer uma triste
projeção sobre o curso da moralidade em
geral, inclusive na coisa pública, por conta da
influência do carisma do presidente Lula, com
suas atitudes ambivalentes e frouxas face aos
mensalões e outras sem-vergonhices que nos
tem afligido. Não passa a mão na cabeça de
seus mensaleiros? Que fez face ao empréstimo
fajuto do Partido no mercado financeiro,
sabe-se lá para quê? E os cumpanhêro pegos
com a mão numa fortuna para praticar terror
contra um candidato da oposição, e que Lula
considerou meros “aloprados”? A origem do dinheiro
para o terror é ainda um conveniente
mistério. Nunca se esquecerá, ainda, de um
presidente jogando camisinhas para foliões,
de seu palanque carnavalesco. É o triunfo da
promiscuidade sexual.
Tudo isso, leitor, cria um clima de permissividade
assemel hada a uma metástase
cancerosa, que impregna a alma das novas
gerações e, quanto maior o carisma do “Pai-
Grande”, maior a influência nefasta de suas ambivalências
e permissividade. Não adianta os
esforços da Polícia Federal, da repressão para
quebrar essa maré que está mais para tsunami
que marolinha. Enquanto isso, os mensaleiros
do PT, homenageados em encontro nacional,
estão de volta, porque praticaram o “mensalão”
do bem, que nem existiu. O relatório da CPI
dos Correios, sob a decente direção de nosso
pantaneiro senador Delcídio, foi um delírio
da Nação. Mensalão “do mal” é o dos outros,
até crime hediondo. Mas o desvio de recursos
públicos para financiar o terrorismo do MST
será investigado por uma CPI controlada pelo
Partido do qual o objeto da investigação é um
braço. Não acabará em pizza, já virou marmelada
e mais um péssimo exemplo para a sociedade.
A transformação da corrupção em crime
hediondo é mais uma jogada de marketing pois,
sabe-se muito bem, a companheirada do mensalão
e os aloprados estão blindados. Assim
caminha, “de caso pensado”, a degradação de
nosso Estado Democrático e de Direito. Neste
exato momento o coodenador de campanha da
candidata de Lula é apontado como o responsável,
quando prefeito em BH, pela remessa
de 80 milhões para o exterior, recursos esses
que seriam provenientes de superfaturamento
de obras. O dinheiro teria retornado para usufruto
de seu Partido e aliados. Coisa de pôr o
Marcola no chinelo. Mas como no imaginário
da Nação a “função caráter” corre frouxa, anestesiada,
talvez tudo fique no dito pelo não dito.
Quem nega essa triste realidade?