Oportunidade

Fatia de multas trabalhistas vai garantir qualificação em Uneis

Internos terão chance de ressocialização por meio de cursos

8 NOV 2017 • POR RENAN NUCCI • 12h15

Parte da arrecadação com ações trabalhistas será destinada à qualificação de internos de três Unidades Educacionais de Internação (Uneis) em Mato Grosso do Sul. São oferecidas 60 vagas para cursos profissionalizantes de auxiliar administrativo e atendente de lanchonete com encaminhamento direto para o mercado de trabalho, remuneração de meio salário mínimo e carteira assinada como jovem aprendiz. A finalidade é garantir a ressocialização, oferecendo mais oportunidades aos jovens.

Nesta manhã, a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) assinou termo de cooperação técnica com a Procuradoria Regional do Trabalho 24ª Região, Procuradoria Geral da Justiça, Defensoria Geral do Estado, Tribunal de Justiça, Superintendência Regional do Trabalho e Emprego e o Centro de Integração Empresa Escola (Ciee), para implantação e expansão do projeto nos próximos cinco anos.

Segundo Leontino Ferreira de Lima Júnior, procurador do Ministério Público do Trabalho, fatia do valor arrecadado com multas e indenizações pagas por empresas em processos trabalhistas será empenhada no aparelhamento das salas de aulas. "Os recursos serão usados para a compra de computadores e outros materiais, além de auxiliar na reforma das unidades", explicou. O valor total a ser destinado depende do orçamento final.

O secretário José Carlos Barbosa, titular da Sejusp, relata que o Governo do Estado será responsável por elaborar projeto de reforma de salas das Uneis e fornecer a mão de obra necessária para execução e manutenção da obra. "Vamos separar áreas exclusivas dentro das Uneis para que seja possível a realização dos cursos. No de atendente de lanchonete, por exemplo, vamos montar uma lanchonete de verdade".

Cursos

Celso Almeida de Oliveira, superintendente de assistência social, cargo responsável pela administração das Uneis, afirma que as atividades serão realizadas, neste primeiro momento, na unidade Dom Bosco, em Campo Grande, com 30 vagas para atendente de lanchonete, e na Laranja Doce, em Dourados, e Mitaí, em Ponta Porã, com 15 vagas cada para as áreas de auxiliar administrativo. "Vamos tentar levar o projeto para as 10 Uneis do Estado".

Conforme firmado em acordo, os internos terão carteira assinada como aprendiz e vão receber meio salário mínimo, como forma de incentivo. Os cursos devem durar aproximadamente oito meses e, ao final, os alunos formados que cumprirem suas medidas socieducativas serão encaminhados ao mercado de trabalho por meio de empresas parceiras, que vão bancar a contratação, e também por meio de orientações do Ciee.

A medida, afirma Celso, deve ser posta em prática em breve para impedir que os internos reincidem no mundo do crime. "Ao final de cada curso, serão abertas novas turmas automaticamente, dando oportunidade a todos. Vejo a iniciativa com bons olhos, porque acho que deste modo, os adolescentes vão sair com conhecimento em alguma área e poderão ser reaproveitados de forma positiva pela sociedade".